A lua já se encontrava alta, quando o cavalo relinchava ao ver o vilarejo que se aproximava de forma rápida. Os olhos observavam por cima do ombro a procurar algo que ela não conseguia enxergar, mas ela sabia que estava lá. Sempre estaria. A Floresta Negra ía ficando para trás e o som dos cascos começaram a ficar audíveis nas pedras que compunham as ruas daquele vilarejo. O Cavalo pateia na parada brusca, relichando impaciente, quando o cavalariço se aproxima tomando as rédeas, vendo aquela mulher dizendo para tomar conta do cavalo. A voz parecia vir em um sussurro de quem tinha visto a morte em pessoa, mas não cabia a ele perguntar de quem ela parecia estar fugindo, pois fora esta impressão que tivera ao ver os passos apressados alcançarem a estalagem. As conversas eram bem animadas e regadas a cerveja quente, mas por um momento as conversas se silenciam ao deslumbrar a mulher que entrava, com seu vestido e manto vermelho. Não conseguiam enxergar direito a face daquela jovem de cabelos dourados, que escapavam pelas bordas do capuz, que era mantido sobre a cabeça baixa, projetando sombras sobre parte de sua face pálida. Os burburinhos começam a especular que ela era uma pessoa nobre, mais por conta da cor de suas vestes. Mas logo se perguntavam se ela não era uma mulher da vida, pois uma nobre nunca estaria desacompanhada em um lugar como aquele, àquelas horas da madrugada. Mas nada disso importava para ela e logo uma caneca de vinho era ofertado a sua pessoa, depois do devido pagamento. A conversa do local, voltava ao seu ritmo normal, onde aos poucos as pessoas pareciam esquecê-la. Os passos dela levam-na para perto da janela. Ela não conseguia esquecer a Floresta Negra. Precisava voltar para lá, precisava encontrar respostas. Seus olhos observavam a floresta que parecia tão longe e depois de um tempo, onde seus olhos pareciam começar a se acostumar, onde ela pensava que poderia começar a se acalmar. Um uivo… Um único uivo distante foi o suficiente para ela empalidecer, para seu coração disparar e um passo ser dado para trás com o assombro que tomou conta de sua alma.
– Está bem Milady?
Aquela voz surgia, tão próxima dela. Não sabia que estava sendo observada por alguém, ela volta o olhar na direção do chão e afirma com a cabeça de que estava bem. Mas ela não sabia que outra pessoa estava a observar. Uma pessoa que parecia se deleitar com aquele uivo e ver o assombrar daquela mulher. Murmúrios são dados, como um pedido de desculpa. Ela sabia que não podia mais ficar ali naquele vilarejo e aquele uivo era um sinal claro de que ela tinha pouco tempo. A moça se apressa indo em direção à porta, não escutava o rapaz que tinha perguntado se ela estava bem, gritando para ela esperar. Ela corria na direção do estábulo gritando para o cavalariço trazer o cavalo dela. O cavalo estava agitado e logo as moedas são dadas ao garoto. Aquela mulher cavalgava novamente de forma rápida, escutando outros uivos responderem o primeiro uivar. Mas a noite tinha muito a ofertar. O rapaz que saíra atrás dela preocupado devido ao assombro e o rapaz que ficou mais um tempo na estalagem a murmurar.
– Hora da caça.