Meus olhos estavam fechados.
Ali ao pináculo daquele Palácio eu podia sentir…
Podia escutar…
Não apenas as vozes sussurrantes que demonstravam um pouco de alegria por encontrar algumas partes do Castelo acessível, mas a marcha de uma comitiva em seus passos certos, sem temores, sem receios.
Outras vozes teriam que esperar.
Vozes que clamavam por socorro…
Vozes que dilaceram meu corpo, com seus dedos a agarrar minhas asas em busca de salvação.
Mergulhei em salto livre, adentrando as finas janelas com seus parapeitos corroídos e pude escutar aqueles urros e risadas canhestras, repousando meus pés tão suaves ao chão.
Naquele momento tornei-me uma sombra diante dos eventos que ganhavam enormes proporções.
Senti-me ao centro…
Senti-me onipresente…
E ali…
Em meio à troca de olhares, pude presenciar o que poderia ser uma batalha, onde Rei e Lorde demonstravam suas verdadeiras forças.
Sorrisos…
Certezas…
O Rei mostrava que o Lorde era bem vindo.
Não mais me mantinha como uma sombra, mas como alguém presente, ajoelhado como um cavaleiro envolto em seu manto negro.
Reverências prestei ao Rei que resguardo e ao Lorde que faz parte do Palácio.
Sabendo ao certo o quanto o local pode vir a ficar agitado.
Voltei-me aos parapeitos corroídos, escutando um urrar baixo não muito distante de onde me encontrava.
Um sorriso fraco surgiu aos meus lábios…
Tantas coisas andavam acontecendo…
Uma breve dor…
Um breve encolher do corpo…
Um breve rosnar…
Um breve calor que não deixava aquela nova dor espalhar e tomar conta de meu corpo…
– Obrigado!
Foi o pouco que pude pronunciar em minha voz sussurrante…
Pois o restante, veio em palavras à mente…
Palavras…
Rosnares…
Murmurares…