– MAAAAALDIIIIITOOOOOS!!!
Os corações estremecem com aquele grito. Era um grito cheio de dor. Cheio de amargura. Cheio de ódio. Eles haviam cometido um terrível engano. Ryan e Fionna estavam ali perante eles. Fionna disse que a Sra. O’ Reilly tinha fornecido uma moeda de ouro para trazer mais conforto à família.
– O’REEEIIILLYYY!!!
Gritava a pequena que começava a correr em direção à fogueira vendo a bondosa senhora tão desfigurada, gritando de dor e sendo queimada diante de seus olhos inocentes.
– FIONNA, NÃO!!!
O pai de Fionna pegava a pequena criança e a abraçava, escondendo o rosto em seu ombro. Seu coração estava acelerado. Todos pareciam paralisados diante de tudo que acontecia e fora Ryan quem trouxera todos de volta a realidade, quando com muito esforço jogava sobre as chamas da grande fogueira que crepitava um pouco de água que ele conseguiu carregar no balde.
– AJUDEM-NO!!!
Gritava o pai das crianças, colocando a pequena Fionna ao chão e se unindo a todos da vila que agora corriam para apagar as chamas que consumiam o corpo da O’Reilly. Ryan abraçava a irmã enquanto pouco a pouco a fogueira ia se apagando com a ação de todos que jogavam água. A pobre mulher condenada já não tinha mais forças para se manter de pé e sua imagem não mais era bela diante dos olhos. As crianças da vila eram levadas para suas casas. As mulheres faziam o sinal da cruz, ao que os homens tentavam retirar com cuidado o corpo de O’Reilly do poste em que ela se encontrava presa. O cheiro de carne queimada, os pedaços da carne que se desgrudavam por terem ficado presas nos grilhões que a prenderam. A figura grotesca que não mais possuía pêlos, cabelos, com os lábios queimados. Gemia de forma baixa. Corpo queimado e sangue se misturavam com o barro do chão em que seu corpo era repousado. Apenas duas crianças ficaram ali. Choravam com o que tinha acontecido àquela senhora. Fionna se aproximava. Segurava a mão de O’Reilly. Sem medo, sem nojo, colocava a moeda de ouro na mão da senhora.
– Você precisa mais do que nós… Por favor… Fique boa… Fique boa…
A senhora fechava a mão com grande dor… Deixava a pequena ser tirada de perto dela depois daquele momento de compaixão que a pequenina Fionna demonstrara. Seus lábios se movem parecendo querer murmurar algo. Ela chamava pelo pai das crianças. Aquele que a julgara e não a escutara. Ele se aproximou. Ergueu um pouco o corpo da senhora. Seu estômago queria revirar ao sentir que parte dos músculos de O’Reilly pareciam querer se desfazer ao toque de suas mãos. Ela ainda movia os lábios e ele se aproximou o bastante para saber o que ela estava a falar.
– Seus filhos serão meus…