Ainda estava pensativo em tudo que pude vivenciar e sentir com aquelas palavras que não eram minhas.
Com aquele relato que jamais fora meu.
Mas muito ainda permeia as sombras que envolvem Arcádia, o Palácio e o Mundo, e foi em um dos meus vôos mais distantes do Rei, quando meus pensamentos estavam mais longínquos, que pude me deparar com crianças a brincar.
Não havia medo naquelas sombras.
Apenas alegrias que acompanhavam os sorrisos de adultos que se orgulhavam de suas proles.
Pousei em passos leves, andando entre seres inocentes que não podiam me presenciar.
Vi beijos e abraços apertados da comemoração de um dia que há muito havia esquecido.
Não…
Jamais esqueceria aquele dia que aos poucos fora se transformando em uma sombra que entranhara em minhas asas, como cicatrizes marcantes apenas naquele data em específico.
Fechando minhas asas, meu olhar ficara distante e por muito tempo pensei ali entre os infantes.
Não havia motivos para comemorar.
Por muito tempo não havia motivos para que eu comemorasse aquele dia tão vazio para mim, até eu me lembrar…
Rebusquei o ar e meus olhos ganharam novos tons…
Abri minhas asas e voei o mais rápido que minhas asas poderiam agüentar com aquelas cicatrizes tão antigas que se reavivavam nesse dia.
Um vendaval se fazia sentir em todos aqueles que se encontravam no Palácio e lá chegando, diante de Lorde e Rei, pus-me com um dos joelhos ao chão e murmurei.
– Mesmo em meio às sombras que rodeiam esse Palácio, possuo palavras de grande importância para um cigano que caminha por essas terras.
Respiro fundo por um breve momento e então direciono meus olhos aos senhores daquele lugar.
– Este dia, pertence a vocês. Toda a alegria que permeia estas terras são presentes mais do que merecidos. Tenham um feliz dia, Lorde e Rei!