Batalhas sempre ocorrem. Sejam sobre as sombras de minhas asas, seja em Reinos de Arcádia ou do Palácio.
Cada regente estava com sua mente mergulhada em suas batalhas tão intensas que por um breve momento vi-me repousado em outro lugar.
Havia um pouco de ansiedade ao ar.
Promessas…
Perguntas…
Morderes de lábios…
Desnorteio…
Eu caminhava e minhas asas não estavam à mostra.
Turbilhões de pensamentos…
Acontecimentos inesperados…
Decepções…
Suspirei, pois vi todo aquele sentimento que corroia crescer às almas de quem estava próximo…
Precisei deixar essas fontes de luminosidade escapar por entre meus dedos…
E então veio aquele gosto amargo…
O antecipar de todos os golpes que seriam dados…
Vi o momento que lágrimas eram derramadas com tamanho amargor…
A indignação que agrilhoava, rasgava, dilacerava uma alma que parecia antes ser a mais radiante de todas…
Abri minhas asas de modo imponente…
Tentei mergulhar minhas garras naquele corpo para arrancar o que a consumia.
Aquela alma mergulhara no Abismo que nos cercava.
Golpeado…
Ela estava tão ferida que me golpeou sem parar e apenas pude baixar meus olhos e deixar…
Deixa-la que vertesse sangue de minhas asas tão negras e tão cicatrizadas.
O amargor tomava meu palato.
Meus olhos ficavam obscuros…
Minhas presas cresciam, enquanto eu ficava ali…
Parado recebendo aqueles golpes tão ingratos…
Deixei escapar aquela alma, antes que ela percebesse o quanto minhas asas doíam naquele momento…
Do quanto meu coração enegrecera com cada golpe acertado…
Do quanto minhas garras e presas ficaram ansiosas…
Não mais para salva-la ou acalenta-la…
Mas para a dilacerarem sem piedade ou dó, assim como fizera a este Anjo de Asas Negras.