Meus olhos se mantinham ao horizonte, apenas eu e o Rei sabíamos onde a Rainha Sidhe realmente se encontrava.

Apenas nós estávamos sendo agraciados com seus sorrisos, suas preocupações, suas lágrimas e até mesmo sua fúria.

Talvez os habitantes de Arcádia ainda não estivessem prontos para rever a Rainha, mas minhas penas se eriçaram em um de meus passeios, longe das batalhas do Rei, ao que uma voz alcançou-me embalada pelo vento.

Girei meu corpo, olhando ao redor, sentindo aquela pessoa, ainda não visível aos meus olhos, mas com sua voz presente no bailar que me rodeava.

A presença do Anjo e Demônio presente em poucas pessoas…

Poucos são capazes de compreender a imensidão destas poucas palavras, pois riem ao dizer que todos possuímos um pouco de cada, mas jamais minhas palavras irão se referir a isso, a essa questão que tantos observam de maneira errada.

Não são todos que possuem os dois lados, que se tornam obscuros ou luminosos, sendo escuridão ou a esperança.

Não são todos que estiveram na presença do Criador, que conheceram suas graças, que conheceram sua dor, que foram lançados sem perdão nesta Terra que seus olhos hão de alcançar.

Não são todos…

Que conhecem a eternidade, as vidas passadas, suas influências e conhecimentos ou que aceitem isso de bom grado.

Aqui, rio um pouco de minhas palavras, que parecem amarguradas, mas não o são, pois são pessoas como essas que jamais compreenderão que aqueles que possuem a presença do Anjo e do Demônio são os únicos capazes de enxergarem, de irem além do olhar tolo e mortal.

Tal olhar que se mantém preso nas convicções do certo e do errado que nem é tão certo, nem tão errado, mas cheio de encruzilhadas que clamam pelo passado, rogando conhecimentos para o enfrentamento dos labirintos a que estamos destinados.

Não… Tais pessoas que sem mantém presas nesse tipo de olhar, largam o passado, vivenciando o presente e não compreendendo porque o futuro dá tão errado.

Minhas penas mais uma vez se eriçam, arrancando risos de incredulidade, pois pelo vento, aquela presença me dizia justamente sobre o passado. Sobre ciclos que ainda não estão fechados e com um breve menear de minha cabeça, respondi de forma serena.

– De alma… Nesta vida.

Deixei então o Vento Norte partir em seu bailar, em suas canções, pois em tempos de mudanças certos ciclos devem ser fechados e o vento veio em momento exato.

Não muito atrasado, nem muito adiantado, mas no momento certo em que permanecerá nas pradarias, até que este ciclo esteja fechado.