Está ali com seu corpo em curvas suaves e delicadas. Desprovida das vestes que por mim antes foram arrancadas. Respira serena em sua pele arrepiada, clara, com pequenos salpicares que invejariam o céu.
Está ali com as madeixas espalhadas em suas cores outonais, invernais, tudo o mais.
Faz-me lembrar da maciez de seus finos fios, que tão bem moldaram em dedos meus.
Do brilho oscilante mostrando-me luxúria, mostrando-me desejo.
Da opacidade desmascarada de sua alma, mostrando-me carinho, mostrando-me respeito.
Faz-me ver além daqueles poços profundos, de perder-me em pensamentos de afogar-me e renascer e arrasta-la junto ao meu corpo para um abismo tão bem explorado.
E mesmo mergulhando em profundo abismo, ergue-me, eleva meu corpo em intenso momento, no qual nossos corpos ganham novas marcas, novas cicatrizes, novos anseios.
Está ali, ressonando em paz da qual apenas desfruta em momentos seus, em momentos meus.
Assombra-me, reacende meu desejo, ao que seus traços eu novamente reinvento, à medida que sinto a pele amornada em meus dedos.
Rebusca o ar por entre seus lábios em sinuares deliciosos ao qual conduzo seu corpo, mesmo ainda estando tão bela e serena em seu sono.
Sinto a fome aumentar à medida que insinuo meu corpo, mordendo seu pescoço arrancando gemidos de seus lábios.
Arrepio-me todo ao sentir suas mãos deslizando por minhas costas em arranhares demorados.
Cravo mais forte meus dentes à tua pele, regozijando-me com o estremecer de seu corpo, da respiração descompassada e dos gemeres ao se entregar.
Sinto seu corpo a me buscar, aos meus dedos cerrarem em seus cabelos mais uma vez e do tomar violento de seu corpo.
Seus olhos mais uma vez se abrem e mais uma vez me perco, nos encaixares, nos violares, nos gritos e espasmos que você ainda há de soltar.
E mais uma vez eu a tomo, eu a rasgo, a devoro, a dilacero.
Mais uma vez você se entrega por completo e uma vez mais sentes a minha entrega.
Uma entrega silenciosa…
Um compartilhar…
E mais uma vez eu a encontro ali, com seu corpo em curvas delicadas, com suas madeixas espalhadas e com salpicares à pele clara que invejariam os céus.
– Descansai…