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“Resta-te apenas descobrir quem é esta verdadeira face”.
Por quanto tempo voei sobre os prados verdejantes ou pela floresta de espinhos?
O quanto espreitei os muros daquele castelo, escutando as cantorias do bardo e até mesmo de andarilhos, lordes e rei?
Quantas vezes respirei fundo, sentindo minhas asas eriçarem e se aprumarem até o momento em que as trevas do Abismo e a luz do Conhecimento bailaram em sussurros sibilantes?
Meus olhos distanciavam-se cada vez mais escutando o passado que se desfiava às mãos habilidosas de Fúrias sedentas e famintas da energia que haviam conseguido capturar ou machucar.
“Descubra de quem é a verdadeira face”.
Minhas asas eram rasgadas, derramando sangue ao solo. Corpo mutilado de uma batalha que exigia minha presença constante no Abismo.
Asas, mãos, lança…
Tudo se movia sinuosamente, recolhendo vestígios, traços deixados de lado por seu tamanho insignificante às mãos de outrem.
Vozes, ecos, estilhaços…
Meus olhos mantinham-se fechados, buscando as respostas que se mantinham ocultas a olhos vistos.
Cristais partindo…
Meus lábios pronunciam o nome há muito não dito.
– Moloch!
Palavras chegavam confusas ao meu ouvido.
– Moloch!
Mais asas se estremecem a medida que pronuncio aquele nome.
– Moloch!
Lágrimas guardadas rompem o semblante, e o coração endurecido grita aquele nome.
Preocupações, rodeares, as sombras ganharam sua passagem.
Um respirar profundo, a sensação tão bem conhecida e a certeza de que minhas asas ainda têm muito a se abrirem.
– Irás continuar sua busca?
– Ela nunca cessou… Príncipe do Reino das Lágrimas.