Com mãos ensangüentadas observava o mórbido presente.
Lágrimas lavavam o enegrecido coração.
Abraçava-o em seu corpo na dor de sua culpa, amaldiçoando-se por direitos que não lhe eram rogados.
Rubro tornava-se as cores do coração junto ao enegrecido que se mesclava às tonalidades conhecidas.
Cantava em voz serena de consolação, fazendo promessas de amor e compreensão.
Acariciava os traços da entristecida amada, repousando aos lábios tão desejados.
Sofreguidão e espasmos ao sabor imaginado, deslizando ao encontro do coração amado.
Risos e dançares rodopiantes ao pulsar de corações acelerados.
Lua e chamas se mesclavam no singelo toque do calor bailando ao frio.
E o rompante explode-se em gozo completo.
Dedos deslizavam a face clara marcada com o sangue que tão gentilmente lhe tocara.
Risos e lágrimas inundavam o corpo incompleto do rufião.
Corpos erguidos e suspiros desprendidos, Harlequin ergue sua mão à luz do luar na Floresta que tão bem o recebera.
– Não te esqueças do sabor que sentiste amada donzela, pois ele é a liberdade, é o vento, são as cores inalcançáveis. É amor, é devoção. O incondicional jamais alcançado, ou antes tocado por alguém.
Com trêmulos dedos sentia as chamas da lareira não mais a aquecerem. A segurança das paredes tornarem-se prisão.
Sentia saudades, sentia medo, sentia-se liberta, sentia-se presa.
Aos pés da lareira ela adormecera para mais tarde ser descoberta.