E de repente tudo se abala…
Basta ter as lembranças de um sorriso com um abraço e dos lábios jamais tocados.
Basta sentir o coração descompassado, alertando para a impossibilidade do sentimento e do frio a dominar o meu peito.
Basta relembrar a negação de um amor perfeito, imperfeito, pois o que almejo não passa de sonhos e desejos.
Amores impossíveis acontecem a todo momento, na distância do pensamento e nos sentimentos projetados.
Amores platônicos que ampliam o medo do pronunciar de algumas palavras.
Palavras que se tornam destrutivas e apagam a pequena luminescência que afasta a escuridão…
De minha alma, de meu ser, do meu eu.
O coração dilacerado em pequeno fragmentos, pedaços mutilados de um desejo indecifrável.
Do esticar das pontas dos dedos para alcançar a face fantasmal.
Carregue contigo todas estas lembranças fúteis, inúteis, trancafiadas em meu coração, pois abro as minhas asas e nego…
Nego mais uma vez um sentimento ilusório, iludido de um amor inexistente em meu ardil pacífico.
Nego por saber do platônico perfeito da existência do silêncio de meus lábios…
E novamente…
Tudo se abala…
Se cala…
Se torna o nada…