Vinny podia ver aquela garra se erguendo e escutar o demônio falando de uma forma que ele compreendia:

– Agradeça Alice Lupin por sua condenação…

O coração de Vinny disparava, ele não conseguia compreender o que Alice Lupin tinha haver com aquele monstro e com tudo que estava acontecendo. O demônio parecia se deleitar com o medo que crescia no rapaz. Em sentir as esperanças do tolo se evanescerem. Gargalhava, pois aumentaria sua cota graças a Alice Lupin, mas o maior assombro dele foi quando viu seu corpo envolvido por uma torre de chamas que quase consumiu Vinny junto com ele.

– LUUUUUUUUUUUUPIIIIIIIIIIN!

O grito que vinha do demônio, vinham em uma mescla de desespero e ódio. Ele estava tão próximo de conseguir mais uma alma, estava tão próximo de me vencer, mas Geburah não deixaria que eu me entregasse tão facilmente, não deixaria aquele demônio me vencer tão facilmente. O grito do demônio parecia abalar as estruturas da sala das caldeiras. Vinny se encolheu tampando os ouvidos e fechando os olhos, havia muito mais naquele grito para ele do que para mim que já estava acostumada.

A morte de um demônio sempre era a morte de um demônio. Para aqueles que não estavam acostumados, o grito poderia lançá-los muito tempo em um hospício com um despertar tão brusco para a realidade. Mas para Vinny… Para Vinny o mundo parecia iria acabar, aquela torre em chamas logo consumiria o lugar junto com aquele grito. Era o fim… Vinny não poderia pensar de outra forma, mas tudo se acalma de repente.

Não havia mais grito, não havia mais as vozes das almas condenadas, não havia mais aquele Inferno que havia surgido do nada. Vinny abria os olhos se perguntando se aquilo era a morte, o fim de tudo e se espantou ao me ver sentada, com uma de minhas mãos sobre meu abdômen e a outra fechada, mas erguida como se eu tivesse puxado algo.

– ALICE… ALICE…

Meus olhos estavam vazios, foi desta forma que Vinny os viu… Não posso pensar de outra forma, depois que pude escutar os gritos de Vinny por um tempo, escutar a voz dele desesperada falando para agüentar que ele iria buscar ajuda. Minha mão se abria aos poucos… Abaixava-se ao longo de meu corpo, enquanto a outra mão escorregava do ferimento manchando mais ainda a minha roupa com o sangue que agora jorrava de modo fluido sem empecilhos. Então veio a escuridão.

Uma escuridão que parecia confortável…

Silenciosa…

Fria.