O Clima estava um pouco tenso, dava para se sentir no ar. Jean notava pelo meu olhar que eu não tinha ficado contente ao saber que ele tinha tido problemas. Tentava me alegrar de qualquer forma. Tentava me fazer esquecer sobre o assunto. Ainda tínhamos muito a pesquisar e Anderson estava bastante ocupado. Cada um foi para um lado, na tentativa inútil de tentar amenizar o clima que pairava no ar, mas logo as tentativas seriam o motivo de preocupação de Jean. A Diretoria do F.B.I. requisitou a presença da tríade da Seção 9. Ao comparecermos e explicarmos a atual situação de Anderson. Eles não tiveram outra escolha a não ser mudar as condições que eu me encontrava.
– Agente Lupin, apesar de sua alta médica ainda não ter sido dada. Dada às condições deste caso e da Seção 9. É de vital importância que você retorne às suas atividades. O Agente O’Toole irá assegurar de que você cumpra sua missão sem que isso afete suas condições.
Jean não estava contente. Na verdade estava bastante preocupado. Eu podia sentir o peso da presença de Geburah, assim como de Togarini. E apesar de tudo… Era bom poder voltar a agir.
Eles repassavam o local que teríamos que investigar para Jean, enquanto eu tinha sido dispensada para pegar o equipamento necessário. Tudo estava pronto quando Jean foi ao meu encontro e partimos em busca do caso mais recente.
Local: Museu da Universidade de New Orleans.
Um arrepio sobe a minha coluna inteira, fazendo meus punhos cerrarem-se diante do que eu sentia. Jean me observava com os cantos dos olhos, enquanto meu corpo girava sobre os pés e eu buscava os arredores da Universidade.
– Eu matei aquele desgraçado. Tenho certeza de que o fiz. Tenho Certeza de que ele não voltaria mais.
Por mais que Jean pudesse vir a se arrepender de seus atos no futuro. Ele parava à minha frente colocando as mãos nos meus ombros e me olhando firmamente nos olhos.
– Acalme-se Alice. O demônio que você enfrentou era muito poderoso. Ainda me pergunto por que você teima em fazer tudo sozinha. As emanações dele se alastraram por toda a universidade, ficando adormecidas por um tempo, mas outros demônios podem ter descoberto e estão usando isso para abrir portais. Recomponha-se… Ou abortarei a missão.
Nunca ele tinha sentido um calafrio tão forte quanto ele sentiu, por um momento ele pode jurar escutar a voz de Togarini que sempre clamava por uma oferenda a ele. Pude ver Jean engulindo a seco, enquanto eu passava ao lado dele de forma silenciosa ainda com vontade de matar algo ou alguém.
Local: Reitoria da Universidade de New Orleans
– Fatos estranhos tem acontecido na Universidade desde o Caso do Serial Killer que foi assassinado na sala das caldeiras desta instituição. Os casos têm se resumido à biblioteca do Museu.
O Reitor rebusca o ar em um suspiro delongado e continua o seu relato. Tínhamos que ouvir tudo desde o início e não interrompê-lo para que ele não se perdesse nos detalhes.
– Alguns tratados históricos estão desaparecendo. Tratados que remontam a fundação de New Orleans. Alguns eletrônicos também estão desaparecendo, mas neste caso chego a suspeitar dos alunos desta instituição. Compreendam, gostaríamos de resolver isso com a polícia local, mas depois do relato de um dos vigias noturnos, e por recomendação de uma Investigadora, eu tive que recorrer a vocês.
Jean tomava notas e o reitor tentava não me olhar. Estava ficando tenso, estava ficando com medo e não sabia se era por estar nos contando o que estava acontecendo ou se era por que não conseguia me encarar.
– Alguns vigias têm relatado que durante suas rondas na biblioteca do Museu, em um horário entre a zero hora e as três horas, eles não souberam dizer o momento exato. Pode-se ouvir o som de rosnares ou de um animal que parece rondar o local. Nenhum deles tinha visto tal animal, apesar disso os deixar com os nervos à flor da pele. Mas recentemente um dos vigias pediu demissão. estava apavorado. Dizia coisas sem sentido. Coisas como ter visto o tal animal. Descreveu-o como um cão gigante que o perseguiu por todo o Museu. As portas pareciam querer se manter trancadas e ele descreveu o rosnar como algo que gelaria até a alma do homem mais corajoso que existe. Disse que já estava preparado para morrer quando sentiu o hálito quente do cachorro e então veio o silêncio. O vigia disse que o cão desapareceu em pleno ar e que ele não esperaria pela segunda vez. Não esperaria que o coração dele o matasse depois do medo que ele passou.
A descrição da forma do demônio em questão que estava atormentando o local, chamou-me a atenção. Jean acabava de anotar tudo enquanto eu me aproximava de algumas fotos penduradas na parede do escritório do reitor. Fotos dos primeiros colonizadores de New Orleans. O reitor nos dava carta branca para agir nos locais que estavam acontecendo as coisas. Não tínhamos muito a fazer a não ser começar as investigações para pré-determinar o caso que enfrentaríamos.