Era um mundo dentro de outro mundo. Poucas pessoas tinha idéia daquele mundo existente dentro do museu. Havia a biblioteca da Universidade de Nova Orleans e havia a Biblioteca do museu da Universidade de Nova Orleans. Tratadaos históricos que tratavam da construção desta enigmática cidade, ficavam dentro desta Biblioteca em questão. Tratados que não só teriam valores históricos, mas que seriam verdadeiros tesouros nas mãos de colecionadores excêntricos. Nossa pesquisa iniciou justamente nos tratados que tinham sumido. O que eles eram e do que faziam parte. Devido à carta branca que nos foi dada, pudemos pegar tais tratados, que eram livros escritos desde a fundação da cidade de Nova Orleans. datas, locais, relatos escritos naquela caligrafia tão bem trabalhada que existiam em tempos antigos e que agora não fazem mais parte do cotidiano. Folheávamos com calma cada livro, procurando algo que chamasse nossa atenção, mas com a mente cheia de preocupações devido a demônios que surgem do nada, bagunçando o espaço tempo continuum, o óbvio ainda não havia sido visto.
– Alice… Eu preciso de um café, ou não conseguirei me concentrar. Você quer um também?
Sem olhar para Jean, afirmei que gostaria de um duplo expresso, pois o dia seria longo e a noite seria mais longa ainda. Jean riu por um momento e disse que pegaria o duplo expresso para mim. Nem vi a hora que ele saiu. Meus olhos estavam centrados nas linhas que eu lia. Eles não possuiam nada escrito na capa, pareciam apenas relatos aleatórios. Mas toda aquela confusão parecia me instigar.
– O que há de comum em todos eles?
Como um estalo de uma caixa craniana arrebentada pelo tiro de um WA 2000. Meus olhos conseguiram enxergar o óbvio.
– Como não pude pensar nisso antes?
Eu passava folha por folha. Observava as anotações das datas. Observava a caligrafia. Sim! Diante de meus olhos pude notar o óbvio que as pessoas pareciam não ter notado. Pegando uma pequena lupa, era possível ver a pequena simbologia. Uma simbologia usada apenas por um historiador famoso de Nova Orleans. Jean entrava trazendo os cafés, vendo-me debruçada sobre os livros e dando um murro em seguida na mesa com tamanha fúria.
– Alice?
Perguntava receoso ao ver minha explosão.
– Aconteceu alguma coisa?
Virei-me para ele e um sorriso vitorioso surgia em meus lábios.
– Estes tratados são um diário. O Diário de um dos maiores historiadores que Nova Orleans possuiu.
Jean se aproximava e eu explicava para ele o que eu tinha descoberto. Apontava para ele as datas, mostrava que todos os livros possuíam a logomarca. A simbologia adotada pelo historiador para que não o identificasse. Mas que ele poderia ser identificado por aqueles que são especialistas no assunto. Jean então começou a me ajudar. Colocávamos os livros em ordem de acordo com as datas. Verificamos quais tinham sumido e foi Jean quem notou que faltava do mês de Outubro à Dezembro de 1905 e Janeiro de 1906.
– O que nosso ladrãozinho busca nestes livros?
Murmura Jean, enquanto ele pegava o livro referente ao mês de Agosto e eu pegava o livro referente ao mês de Setembro. Era hora de procurar a lógica de raciocínio do historiador para descobrir o que o assaltante levou.
À medida que líamos, era notável sentir a tensão aumentando em nós dois. Até mesmo o bem humorado Jean, aprecia não estar gostando do que ele lia, e a cada vez que ele buscava meu olhar, enquanto eu lia, os calafrios que ele sentia, não eram nada bons.
– Ele relata sobre zumbis que a comunidade encontrou nestas terras durante a colonização.
Murmurava Jean, esperando a minha reação.
– Ele parecia saber como criar tais zumbis Jean. Por tudo o que eu sei sobre necromancia. Este louco estava ensinando como criar zumbis.
Jean dava um pulo na cadeira, se erguendo e lendo o meu livro na parte que eu tinha parado. Se recordava das ervas usadas, se recordava de algo. Estava para praguejar, quando escuta a minha voz.
– Thorn precisamos de você na Biblioteca do Museu da faculdade Nova Orleans.
Se tinha alguém que poderia nos dizer se o que lemos estava certo ou não. Este alguém era Thorn e Jean sabia que para eu chamar Thorn…
– A situação é pior do que esperávamos?
Nada respondi a Jean. O cruzar de meus braços e o meu olhar fixo nas páginas daqueles livros, foram o suficiente para que Jean compreendesse que não nos restava mais nada, a não ser esperarmos pela aparição de Thorn.