O corpo de Thorn implorava para desabar, ele nunca esteve tão perto do Vale das Sombras como naquele momento. Espiou-me, assim como espiou Jean e Anderson e suspirava de forma exasperada. Meu corpo mostrava resquícios de “vida”. Ao menos Jean e Anderson ainda estavam vivos e bem, apesar de inconscientes, mas ele precisava se apressar. Se ele desmaiasse, eu automaticamente entraria no Vale das Sombras e desta vez, nem mesmo ele conseguiria me trazer de volta à verdadeira vida.
Seu corpo pesava, suas pernas tremiam e o frio era algo que nem mesmo as terras gélidas das quais ele veio, conseguiam superar, mas Thorn conseguiu se abaixar, conseguiu ajudar o bebê, verificando se a mãe teria leite materno ou se seria sangue. Pois não queria macular o bebê, ainda. Mas as coisas não eram tão fáceis. Já era um milagre ela ter tido um bebê, mas pedir por um segundo milagre, como leite materno, era pedir para internar em um manicônio o Criador de todas as coisas.
– Eu… Eu posso alimentá-lo!
Murmurou Julia ao sentir o corpo quente de seu filho, que Thorn deixava apoiado no colo dela, mas se arrependeu amargamente ao ver Thorn erguendo aqueles olhos cinzas e pétreos.
– Não se atreva!
Thorn se ergue, indo à geladeira e pegando uma caixa de leite. Colocou em um cpo leite o suficiente para a criança e amornou um pouco.. voltando e vendo a criança buscando o peito da mãe.
– Ainda não pequeno. Tome este…
Júlia espreitava o necromante alimentando o filho dela com algo que não era sangue, mas nem sabia como a criança poderia estar com aquele tamanho, quando ela apenas se lembrava de Alice ter dito que a criança estava morta e Alec esmurrando a porta. Que por sinal ele ainda esmurrava de forma incessante. Teve que esperar de forma paciente, o necromante entregar o filho já alimentado e limpoJúlia também pode notar quando ele me pegou e me levou para outro lugar. Mas se espantou ao ver que o homem que antes estava tão trêmulo, pegou Jean e Anderson e os arrastou sem problema algum.
– Vou chamar o seu marido…
Falou em voz rouca e baixa, caminhando até a porta e quebrando o selo de Jean. Alec quase que entrava na casa de supetão, vendo Júlia ao chão, segurando a criança. Por um momento Thorn não sabia se o Lycan ficou estático por alegria, ou por medo.
– Seu filho ainda não foi maculado Lycan. Eu dei leite comum a ele e se eu fosse um bom pai, como eu acho que você vai ser… Evite se puder o aleitamento materno. Agora se você não se importa, eu tenho três amigos para me preocupar. Entre eles, a Alice.
Alec rebusca um pouco o ar. Estava confuso, era pai de uma criança que parecia bem sadia. Um recém-nascido que mostrava uma aura aparentemente humana e aquele homem de olhar cinza e pétreo que o apavorava mais que sua própria irmã dizia que tinha que ajudá-la?
– Onde ela está? – Perguntou sem encarar nos olhos de Thorn e o necromante apenas lhe deu as costas. – Ela está em boas mãos. Agora seja um bom Pai e marido.
Thorn finalmente deixava o casal e Júlia estava silenciosa. Continha ainda um pouco de raiva em relação àquelas pessoas que se meteram na vida dela e de Alec, mas tinha que dar o braço a torcer. Sem eles, o filho dela não estaria agora em seu colo, mostrando sinais de vida.
Em outro ambiente, Thorn despertava Jean e Anderson. Ambos reclamavam, perguntando se Thorn tinha anotado a chapa do caminhão e ele apenas comentava.
– Ainda não terminou…
Jean e Anderson sentiram um calafrio e tiveram medo de olhar na direção que Thorn olhava, mas seus olhos clamavam por tal visão e o quadro era realmente algo pior do que eles imaginavam. Me viam deitada, completamente pálidae quase não mostrando sinais de vida em minha aura.
– O que estão esperando? Andem… Tratem de dar um pouco de sangue a ela antes que eu desmaie…
Jean ao escuta aquelas palavras correu em minha direção, pegando as coisas necessárias para fazer a transfusão da pior forma possível.
– A vida imita a arte… – Murmura Anderson a ajudar Jean, enquanto se lembrava da cena de transfusão de sangue que aparecia no filme Drácula de Bram Stoker.
– Não, Anderson… Na verdade a Arte imita a vida…. – Thorn senta-se, suando frio, colocando a mão em minha testa. Se abaixando e murmurando algo em meu ouvido. Jean estava aflito demais para tentar descobrir o que ele estava murmurando. Não era hora deles brigarem.
– Thorn… Ela vai sobreviver? – Perguntou Anderson preocupado, enquanto Jean doava seu sangue, mas o necromante não o respondeu. Continuava murmurando algo para mim, de olhos fechados, suando frio.
– Thorn? – Jean olhou com estranheza para o necromante e ele murmurou em tom baixo. – Você já deu sangue o suficiente… Pare antes que você morra…
Anderson então compreendia que era a vez dele. Salvar o filho da vampira era uma coisa, mas ter que salvar a Alice logo em seguida… Era algo totalmente diferente dos padrões de salvamento. Ele então recebia a ajuda de Jean e começava a transfusão de sangue.
– Ainda bem que nós três possuímos o mesmo RH e tipo sanguíneo…
Thorn suspira, fechando os dedos em meus cabelos. estava difícil de se manter desperto.
– Seus esforços serão recompensados, Thorn.
Nem mesmo a voz de Togarini, conseguia confortar o necromante naquele momento.