Thorn sentia seu corpo pedindo um tempo. Sentia seu corpo fraquejar no momento em que Anderson fazia a transfusão de sangue. Apertava os dedos em meus cabelos e continuava a murmurar de forma muito baixa palavras que Jean gostaria de saber o que ele estava a dizer, mas o que ambos os agentes do F.B.I. não sabiam, era o que Thorn estava realmente vendo.
O necromante via meu corpo ensanguentado. Fraquejando perante demônios e mais demônios que me arrastavam cada vez mais para o Inferno. Via Geburah de braços cruzados perante toda aquela batalha, e todas as palavras que ele dizia ao meu ouvido estavam servindo para me manter firme perante aquela batalha.
Eu escutava seus pedidos de desculpas, enquanto ele me dizia que meu irmão não aceitaria meu sacrifício. Dizia que se eu fraquejasse a vampira possuiria sua vingança e de que nada teria valido meu esforço para salvar um aparente inocente. Dizia que eu tinha prometido a Togarini que entregaria a criança acaso ela se corrompesse.
Thorn era uma das pessoas que mais me mantinha viva naquele momento, mesmo fomentando a ira em minha alma, ou a sede de vingança em cima da esposa de meu irmão, e os demônios urravam para que eu não escutasse aquelas palavras, fomentando em minha alma a sensação de derrota e de que nada havia valido meus esforços. Que eu era a culpada por ter tido um irmão Lycan que matou meus pais. Que eu era a culpada pelas mortes que eles proporcionavam aos inocentes perante meus olhos e que eu traria a morte às únicas pessoas que eu me importava por ter trazido à vida aquilo que deveria estar morto.
Mas Thorn não desistia, continuava a falar o que era necessário para injetar novos ânimos em minha alma.
– Thorn? – Mais uma vez Jean falava com Thorn ao ver que Anderson parecia começar a fraquejar durante a transfusão e o Necromante, apenas erguia a mão para que Anderson se afastasse. Meu chefe encerrou o que poderia fazer e ambos se assombram ao ver os olhos de Thorn que de cinzas não possuíam mais nada de tão sombrios que se encontravam perante a palidez de seu corpo. Ele iria fazer a transfusão mesmo sem condições e pedia perdão para mim, pelo que ele iria fazer, mas ele não iria permitir que eu morresse naquele momento e foi no momento em que ele preparou tudo para iniciar sua transfusão de sangue, que ele pode sentir o segurar de seu pulso de modo forte.
Seus olhos pareciam clarear quando observou quem segurava seu pulso.
Thorn me abraçou, erguendo meu corpo, mesmo ainda sentindo-o gelado.
– Eu ainda não serei sua zumbi favorita…
Murmurei de modo fraco, deixando que ele me mantivesse nos braços dele. – E nunca mais se atreva em pensar que tomará meu lugar.
Jean fica confuso com aquelas minhas palavras, isso era visível para Anderson que também não compreendeu bem o que tinha acontecido. Mas o que quer que seja que o necromante tinha feito, ambos estavam agradecidos por ele ter conseguido me resgatar de alguma forma.
– Seja bem vinda ao mundo dos vivos! – Murmurou Jean, vendo Thorn erguendo a cabeça e suspirando, mas o que fez ele se retirar daquele lugar, carregando Anderson e me deixando a sós com Thorn, foi ver lágrimas nos olhos do necromante.