– Preocupado?
– Um pouco.
– Ela ficará bem.
– Ela está sonhando desde o dia em que ela quase entrou no Bureau com carro e tudo.
– Sim. Eu pude notar isso também.
– Mas, por que ela não está mais agindo como um portal?
Um momento de reflexão se instalava nos agentes que viam Alice deitada naquela cama, rodeada de aparelhos. Desde que retornou, seu corpo se encontra mergulhado naquele “coma”.
A seção 9 tinha contratado uma detetive para ir ao local. Alguém que conhecia Alice Lupin e que poderia ir mais a fundo. Ela mandava seus relatórios, falando sobre as atividades do Lobisomem e da Vampira. Comentando que ambos haviam se separado por conta de brigas que tiveram com o nome de Alice envolvido no meio. Disse que havia entrado em contato com o tal Lobo e que ele não representava perigo à humanidade.
Em certo ponto, ambos respiravam aliviados. Sabiam que apesar de ser quem era, aquela mulher era alguém confiável. Ela trabalhava para Geburah, também tinhas suas buscas, também tinha suas desavenças com o arcanjo, mas era mais calma e não tinha o problema que Alice tinha às costas. Alice a descobriu por um acaso. Fora imposta a trabalhar com ela uma vez em sua vida. Dizia que ela era um doce perigoso e capaz de dar dor de barriga, mas também dizia que era uma das poucas pessoas que ela confiaria a vida.
Confiar à vida… Quantas vezes Jean escutou aquilo desde que viu Alice sendo arremessada contra um vidro temperado, praticamente blindado, e aquele vidro se espatifando. Quantas vezes ele havia achado que Alice teria sua vida ceifada por suas próprias mãos se Geburah assim o desejasse? Ela sonhava naquela cama e ele sabia o quão perigoso era ela sonhando. Lembrava-se dos momentos em que ele teve seu corpo ferido nas batalhas que enfrentou, enquanto ela dormia.
– Alice caça os próprios demônios que liberta.
Jean escutou a voz de Madeleine que se colocara ao lado deles. Anderson olhava aquela moça ruiva, de pele clara e olhos verdes. Poderia ser uma perfeita Irlandesa, como comentara uma vez, mas a mesma perfeição poderia ser uma serpente a sibilar tentações.
– Isso, já sabemos, Noveau. – Ponderou Anderson.
Madeleine sorri com os cantos dos lábios e observa a agente que estava em estado de “coma”.
– As coisas se acalmaram por aquelas bandas. Alecsander Lupin resolveu se afastar de tudo e de todos, tendo consciência que sua irmã gêmea está viva e longe do alcance de Julia Voslova. A vampira foi um pouco mais difícil de encontrar. – suspirou por um momento. – Há boatos de que ela ceifou a própria vida depois de ter perdido tudo.
– E eu que pensei que Vampiros não tivessem mais sentimentos. – Comentou Jean.
– Mas eles possuem. Alguns deles amam de forma mais intensa que os próprios mortais amam, Jean. Algo que vai além do amor em suas variadas formas.
Jean suspirou e ainda parecia meio perplexo, com Alice sonhando.
– Não fique preocupado com os sonhos que ela terá nesses dias. – Madeleine comentou e então começou a se afastar.
– O que sabe sobre eles? – Anderson a olhou desconfiado.
Madeleine apenas sorriu, olhando por cima do ombro, enquanto Thorn passou ao lado dela para ir visitar Alice. Por um momento olhou aos olhos de Madeleine e fora a primeira vez que o Conjurer mostrou sinais claros de quem sentia calafrios e que ainda era humano.