Mas o tempo não parava. Nunca parou. Vinny tinha me falado sobre o que ele tinha feito e o que ele desejava, enquanto eu apenas pensava que ele se arrependeria de suas palavras no futuro, mas não cabia à minha pessoa mostrar o que estaria por vir. Não diretamente. Caminhei por um tempo em cima do prédio chamando a perícia do FBI para avaliarem os corpos, mesmo sabendo que eles não conseguiriam explicar o que aconteceu aos corpos. Não as divisões normais, aquele tipo de morte se resumia à minha seção.

– Alice!!! Estamos perdendo tempo…

A vontade de mandar o Vinny calar a boca era imensa, mas o rapaz não tinha culpa. Tempo? O que ele sabia sobre o tempo? Nada. Absolutamente nada. Meus pensamentos foram interrompidos quando uma explosão na freqüência do rádio avisa aonde encontraríamos o assassino procurado.

– Atenção todas as unidades! Atenção todas as unidades! Suspeito foragido avistado nos arredores da Faculdade de Nova Orleans! O Suspeito se encontra armado e é perigoso!

Vinny pode me ver amaldiçoando ao escutar tudo aquilo e não compreendia a minha irritação quando eu comecei a puxá-lo, em meio à corrida que iniciei.

– INQUISITOR!!!

Era a voz de um dos agentes do FBI que chegavam ao local do crime, a me ver saindo e arrastando literalmente Vinny comigo.

– Eles não sabem o que enfrentam, avise ao Agente O’Toole para me encontrar na Faculdade… Rápido…

O Agente não compreendeu nada, no final das contas eles sempre acharam que nós da Seção 9 não batíamos bem da bola ou éramos esquisitos demais. Vinny quase que foi arremessado para dentro do carro e rezou todas as preces a um Deus ausente, enquanto eu dirigia pelas pitas de Nova Orleans. Era um horário maldito, a Faculdade ainda tinha muitos alunos, mas o pior não foi pensar nisso. O pior foi quando vi o verdadeiro Caos. A policia avisou a reitoria sobre a situação delicada. A Reitoria avisou os alunos que não eram para ficar apavorados, que eles estavam apenas fazendo um treino de emergência para incêndio… E enquanto eu parava meu carro, enquanto eu ia andando entre os alunos. A vontade de matar o idiota que fez isso, apenas aumentava.

– Calma Alice, desta forma será melhor…

– Alice… Espere Reforços… Não entre lá sem a nossa ajuda!!!

Era O’Toole. Sua voz irrompia no rádio, pedindo para que eu aguardasse, mas outras vozes irrompiam dizendo que viram o suspeito indo na direção das caldeiras.

– Alice… Espere pela ajuda… Escute O’Toole, não tem para onde o assassino fugir, eu conheço esta Faculdade. Estudei nela…

Mas não adiantava Vinny implorar para mim, ele me seguia como um cãozinho assustado, não sabendo se devia ficar e esperar o restante do esquadrão anti-terrorismo, o pelotão da polícia de Nova Orleans e o FBI, ou se devia me seguir. Os demais policiais chegavam com suas sirenes que davam para escutar de longe e logo os vapores da sala das caldeiras se faziam presentes. Nunca aquela faculdade parecera tão silenciosa quanto naquele momento, Cada som daquela sala parecia aumentar e apavorar o coitado do rapaz que me acompanhava. Mas O terror ainda não tinha se instaurado por completo na alma daquele rapaz, que aos poucos notava uma trilha de sangue no chão e escutava uma risada que lhe enchia de calafrios. Minhas suspeitas estavam corretas. Logo os pedaços dilacerados dos corpos dos policiais que tinham se apressado começavam a surgirem largados pelo chão. O demônio falava em uma língua que Vinny não compreendia, mas o recado era dito justamente para minha pessoa. O maldito ria e me dizia o que tinha feito com cada vítima que ele matou e que eu não consegui salvar. Falou sobre o destino de cada alma e no meio de suas risadas e de sua fala gutural, eu podia escutar cada grito das almas em desespero, clamando por ajuda, clamando pelo descanso eterno. Aquelas almas estavam condenadas, condenada por estarem ligadas à minha pessoa, pois aquele demônio fazia isso para me atingir. Cada Morte. Cada alma, apenas para que eu compreendesse de quem era a verdadeira culpa e logo meus olhos deslumbram aquele ser. Aquele maldito ser que eu queria banir.

– A Justiça será feita verme maldito…

Vinny via aquele homem franzino, recoberto de sangue, não conseguia compreender como ele poderia matar tantas pessoas, como ele poderia ter forças o suficiente para subjugar tantos agentes ou policiais. Não entendia o que o homem falava muito menos o que eu falava em similar língua usada pelo assassino.

– O.. O quê? O que você está esperando?

O homem ria… Ria com o jeito do Vinny. Aquele jovem não sabia com o que estava lidando e ele fez questão então de mostrar. Tomando sua forma verdadeira na frente do rapaz, deixando-o pasmo com o que via, avançando sobre o tolo rapaz que desejava tanto sua morte, mas eu não podia deixar. Não podia permitir que mais um inocente fosse ferido. Eu puxava minha espada, enquanto me colocava à frente de Vinny. A Luta tinha apenas iniciado e Vinny ainda teria muito que ver com seus olhos inocentes.