Eu apenas aticei mais ainda a vampira. Deveria ter me recordado que vampiros não resistem a um bom cheiro de sangue e ela que já estava irritada comigo pensando que eu mataria a pessoa amada, teria seu frisson potencializado com o cheiro de sangue. Isso não só a faria olhar para mim, como muitos daquele local voltatam a atenção para o centro da confusão.
Péssimo passo, devo confessar. Eu tinha que remediar este erro o mais rápido possível. Pequenos murmúrios escapam de meus lábios e o mesmo truque para acender o cigarro iria causar-me mais dor do que eu esperava, mas era tarde demais. Tarde demais para detê-la.
Meu corpo praticamente retesava com o calafrio que eu sentia com aquele ataque eminente e a magia que serviria para cauterizar o meu ferimento foi direcionada para a vampira que já fechava suas mãos ao redor do meu pescoço e mostrava seus caninos salientes e desejosos para rasgar a minha pele. Quanto mais dor eu afligia a ela por conta do fogo, mais a raiva dela aumentava. As coisas não poderiam ser piores.
Alecsander pôde escutar o disparo de uma Deseart Eagle, escutar sua amada gritando de dor e ver o corpo dela arqueando para trás. Pôde ver sua amada sangrando, mas tudo aquilo não deixou ele ver que os disparos foram direcionados apenas para afastar Julia de mim e não matá-la. Aquilo acabara despertando uma fúria imensa dentro dele.
E pensar que era para ser uma conversa calma e que eu queria ter saído mais cedo. Por que os homens tinham que ser mais teimosos do que eu quando queriam respostas?
O corpo do jovem Alec arqueva para frente. Pude ver o corpo dele estremecer, pude ver quando as roupas dele davam lugar a pêlos, as unhas cresciam transformando-se em garras, o corpo crescia dando a péssima impressão de que eu realmente não gostaria daquele exato momento. Malditas fossem as presas que tomavam lugar dos dentes e da cara que se alongava junto com as orelhas.
– Droga!
Eu poderia querer soltar todas as frases estúpidas possíveis de chapeuzinho vermelho naquele momento. Mas como explicar para Alecsander que eu estava apenas me defendendo? Não tinha como explicar para um maldito lobisomem tomado por fúria estas coisas e além do mais, desde quando vampiros e lobisomens namoravam?
Nada do que eu disse ajudaria, nem mesmo comigo me erguendo e pensando seriamente que teria que disparar a minha arma contra ele. Ele foi muito mais rápido, graças à minha confusão mental de atacá-lo ou não. Pude sentir as garras dele penetrando a minha pele. Pude sentir aquela dor intensa do rasgar da minha pele, junto com o rasgar das minhas roupas e o baque de minhas costas na parede.
Mas o que Alecsander não esperava, era o fato de que a dor que ele inflingiu em mim, ele também sentiu com a mesma intensidade. No caso dele, não houve o estrago total que ele me causou.
Dor… Uma intensa dor e o sentir do sangue vertendo de meu corpo. Eu olhava para Alec. Alec recuava os passos. Talvez assombrado por ter sentido a mesma dor, mas os olhos dele. Sim… Maldito fosse Geburah. Eu já tinha visto aqueles olhos e Alec já tinha visto aquele meu olhar. Já tínhamos visto uma situação muito parecida quanto aquela que passávamos. Em meus olhos ele vê algo. Um mesmo olhar que ele já tinha visto antes… Há muito tempo…