Meu corpo se encontrava moído, a cabeça doía. Fiquei me perguntando que caminhão que tinha me atropelado até ver o relógio da sala de repouso indicando 21:30.
– Droga. Dormi demais.
Vinnie não se encontrava mais na sala de repouso, nem mesmo Jean estava por ali com seu habitual sorriso me dando boas vindas à terra dos vivos. O que em certo ponto não deixava de ser hilário.
Peguei roupas limpas e fui tomar uma ducha para retirar o cansaço da “soneca”.
Já eram 22 horas quando Jean e Anderson viam meu vulto saindo da Seção 9.
– Não se preocupe Jean! Ela entrará em contato.
– É com isso que me preocupo…
Eu não podia culpar Jean e Anderson, afinal… Eles apenas se apegaram demais com a minha pessoa na seção 9, mas desde que aquele serviço iniciou, eu tinha que findá-lo de uma forma ou de outra. Eles poderiam compreender, mas a diretoria estava esperando relatórios e isso significava ir encontrar o meu irmão de novo, assim como Júlia.
O local começou sua noite de forma tranqüila, pude presenciar o meu irmão entrando no lugar, mas ele não estava só.
– Mais um Lycan. – Murmuro, resolvendo deixar o carro. Era engraçado ver que as pessoas passavam se arrastando nos carros ao lado do Jaguar, mas não ousavam tocar no meu gatinho selvagem.
– Ao menos aprenderam a lição. – Não pude deixar de comentar com um pouco de sarcasmo nas palavras e também não fiz cerimônias para entrar no bar.
– Alice!!! – Alec se erguia de sua mesa e vinha me recepcionar. Olhei um tempo ao redor e pude apenas observar o rapaz que chegou junto com ele, lançando-nos um olhar, sentir um breve calafrio e voltar a riscar a mesa de madeira com uma faca de sobrevivência. Mas além dele, pude perceber que a vampira não estava.
– Ela… Virá mais tarde… – Alec sentiu um calafrio quando o olhei nos olhos. Estava tão claro que eu buscava a vampira e que ela não me agradava nenhum pouco ou ele aprendeu a ler a mente?
– V-venha… – Ele pigarreia para tentar disfarçar aquele desconforto que ele sentiu. – Vou apresentar você ao Sombras…
– Belo nome. – Lanço meu olhar mais uma vez em direção ao tal Sombras – Combina com ele.
Alec coça a nuca por um tempo e olha de soslaio para mim.
– Por que você não veio ontem à noite?
Claro! Como explicar para ele que eu tive uma reunião de negócios com o Arcanjo da Justiça e com o Arcanjo da Morte, justamente para ter alguma chance contra ele e a Júlia acaso eles perdessem a cabeça novamente?
– Reunião com a Diretoria. – Respondo, vendo o Sombras se erguendo e se apresentando.
– Boa noite Lupin! Meu nome é Sombras e confesso que até há pouco tempo eu duvidava das palavras de seu irmão Alec. – Sombras fareja o ar e esmiuça os olhos em minha direção. – E confesso que é mais interessante ver olhos tão diferenciados para uma humana.
Não pude deixar de sorrir por conta de forma como ele disse aquilo, se ele soubesse sobre a minhas verdadeira condição, não me chamaria de simples humana.
– É interessante conhecer um amigo de meu irmão.
Sempre seria interessante conhecer os amigos dele. Saber quem o rodeia e do que eram capazes. Esta era a minha função, para a infelicidade de Alec. Creio que Sombras percebeu isso e logo se ergueu.
– Estarei por perto, deixarei vocês dois conversarem a sós.
Garoto esperto e um sorriso escapava ao canto dos meus lábios, vendo-o se erguer e se afastar enquanto Alec mostrava que o compreendia e dava atenção à minha pessoa.
– Espero que eu não esteja te dando muito… trabalho…
Eu observei Alec por um tempo. Ele me deu um pequeno trabalho, mas nada que pudesse ser contornado.
– De forma alguma…
Resolvemos conversar sobre outros assuntos. Coisas que não trouxessem à tona o que ele era e o que eu era. Alec me contou um pouco mais sobre a vida dele. O que tinha acontecido, por onde ele andou, coisas assim, mas pude notar que às vezes ele parecia se distrair com algo. Olhava na direção da porta do estabelecimento, e parecia estar preocupado com algo.
– Está tudo bem? – Perguntei, olhando-o de forma inquiridora.
Alec ficava desconcertado, desvencilhava-se de minhas perguntas. Sorria sem graça. Algo estava acontecendo. Isso estava bem claro. Eu não sabia mais que assunto puxar com Alec, já que a minha vida se resumia em trabalho e mais trabalho e não sei se minhas preces foram ouvidas. Alec se ergueu de forma tão abrupta, que chegou a esquecer que eu existia e que estava ali. Saiu de forma súbita, sob os olhares de Sombras e os meus. A faca de sobrevivência era ficanda com força e depois arrancada por Sombras. Ele rangia os dentes, parecendo conter uma fúria muito grande, então fechei meus olhos. Deixei que meus sentidos me alertassem. O calafrio foi tão grande que o meu corpo se ergueu de forma súbita também.
– Alec…