A tensão estava grande, era claro que os rapazes não deixariam que eu protegesse o rapaz se ele foi realmente capaz de fazer tudo que eles me disseram.
– SAIA DA FRENTE LUPIN, NINGUÉM SE IMPORTARÁ COM A SAÚDE DESTE ASSASSINO.
Com calma minha mão repousa sobre o cabo de minha espada, nunca fiquei tão tentada em ofertar a Togarini agentes tolos, mas eu tinha que novamente impor a minha autoridade. Trazer pavor às almas dos desavisados, pois assim queria Geburah que sussurrava em minha alma me lembrando que o verdadeiro demônio era o rapaz a quem eu estava a proteger.
– Nesta seção… Por maior que seja sua patente, eu devo alertá-lo mais uma vez. O rapaz está sob a minha jurisdição e estando sob a minha jurisdição são vocês que podem ser julgados… Condenados… E executados…
Eu falei de forma intercalada em um tom baixo de voz, irritantemente calmo. Nunca foi tão prazeiroso ver o medo no olhar daqueles agentes que me circundavam com suas armas apontadas. Mas, o medo é capaz de trazer reações estranhas. O engatilhar de cada arma que estava apontada para mim e para o Rapaz era o som que eu necessitava escutar para começar a desembainhar a minha espada.
– Guarde a espada Agente Lupin. Os Agentes compreenderam e irão sair daqui neste exato momento.
Meu chefe chegava no momento em que o derramamento de sangue seria o mais provável ato que aconteceria e abençoado foram eles, pois Togarini parecia sorrir e instigar-me a sacrificar aqueles rapazes para ele.
– Que este rapaz não traga mais mortes ou iremos caçar sua cabeça Lupin.
Dizia irritado o Agente, mas saia derrotado do local depois da aparição de meu chefe. Como era doce o papo de Hierarquia. Anderson se abaixa então pegando o rapaz desacordado e o leva para uma das celas de detenção. Uma cela especialmente dedicada às pessoas possuídas.
– O que aqueles tolos disseram?
Perguntava-me Anderson, observando o rapaz ainda desacordado ao centro de um Pentagrama. Suspirando relato tudo o que os rapazes me passaram, o que aconteceu e dizendo a dose necessária para desacordar o rapaz. Minha mente não parava de remoer as informações, quando Jean chegou relatando que o nosso visitante já tinha tentado fazer a mesma coisa antes e que todas as vezes o objetivo principal parecia ser o irmão mais novo. O Segundo irmão.
– Cain.
Murmuro para Anderson e Jean.
– Você está realmente precisando de férias Lupin.
Ria Jean com esta minha suposição acerca do rapaz.
– Este rapaz está possuído por um demônio. Apenas isso.
Anderson ficava silencioso, me observava com os cantos dos olhos. Era claro que eu não tinha explanado por que citei o nome.
– Explique-se Lupin.
Voltei o meu corpo em direção à sala observando o rapaz que começava a acordar. Via-o assustado, olhando para os lados e gritando por ajuda. Qualquer pessoa teria pena do rapaz, se não fosse pelo fato de que ele não cruzava o pentagrama. Estava claro, o demônio ainda estava dentro do corpo do rapaz.
– O Demônio possui um requinte de crieldade. Uma vítima apenas. Pode ser uma suposição, mas não me espantaria se este não fosse o primeiro caso na família dele. Cain matou seu irmão Abel por achar que Deus possuía afeto apenas por Abel devido as oferendas. Em um ato de ciúmes, apesar que eu prefiro citar aqui um dos pecados Capitais…
– Inveja…
Murmurou Jean começando a compreender aonde eu queria chegar.
– Cain matou Abel. Tornando-se o primeiro assassino do mundo.
Um silêncio pairava entre nós três.
– Alice. Eu quero que você pesquise tudo sobre a Família deste rapaz. Quero que você encontre evidências que comprovem sua teoria. Se o que você disse for verdade…
Ele não completou a frase, apenas saiu me deixando ao encargo da pesquisa. Tanto Jean quanto eu, sabíamos que se o que eu dizia fosse verdade, talvez os problemas fossem maior do que imginávamos. Jean foi para as ruas. Iria entrevistar a família do Rapaz. Eu travata de me sentar à frente de um computador e pesquisar os arquivos pela Internet. Que falta fazia Vinny naquelas horas. Com certeza ele conseguiria reunir as informações mais rápido do que eu. Mas nada como pesquisar um pouco as notícias em cima do nome da família do rapaz. Estranhamente, os arquivos mostravam que os pais eram parentes. Mostravam registros que o primeiro filho sempre matava o segundo filho. Os casos jurídicos mostravam que os irmãos mais velhos… Os primogênitos sempre alegavam inocência, que não se recordavam do ocorrido e que choravam ao tentar provar a inocência dizendo que não eram eles que faziam aquilo.
– Interessante.
As horas passavam enquanto eu mantinha-me concentrada naquele caso e meus olhos mal percebiam as horas passadas na frente do computador, enquanto eu lia todos os relatórios sobre casos parecidos interligado àquela Família.
– Aqui…
A voz de Jean chegou aos meu ouvidos, praticamente me despertando. Me desconcentrando.
– Estive com a família e depois de pesquisar sobre a árvore genealógica da família dele pude notar aquilo que você disse…
Jean estava sério e colocava os papéis sobre o teclado.
– Alice.. Você estava certa. Os primeiros registros escritos mostram que a árvore é constituída sempre de parentes. Nunca… Eu digo isso com toda a certeza que eu possuo. Nunca houve alguém de fora da família. São todos irmãos, primos e por aí vai.
O quadro estava completo. O Círculo se fechara e então tínhamos realmente um caso Cain em nossas mãos.
– O primogênito mata apenas o segundo. Jamais houve relato dele querer matar o terceiro. jamais ele teve plena consciência do que estava fazendo.
Anderson tinha escutado tudo que tínhamos falado. Observava-nos há algum tempo.
– Alice… Continue sua pesquisa. Jean… Tenha certeza de que a Alice não irá querer entrar naquela sala e ir combater o Cain pessoalmente.
Jean batia continência com prazer e Anderson saía sem dizer muitas coisas mais. O resultado da pesquisa e a forma como ele tinha dito para que Jean não deixasse que eu combatesse Cain em pessoa, mostrava bem que meu chefe viu algo que eu não pude perceber.