As sombras tomaram Arcádia.
As sombras tomaram o Palácio.
Sombras de minhas próprias asas que mergulharam o Reino em uma escuridão tão grandiosa quanto ao do Abismo.
Sombras de um coração que se viu mergulhado na escuridão.
O Livro que lá existe está bem guardado.
Adormecido…
Esperando…
Os tomos que lá existem estão bem guardados.
Trancafiados…
Esperando…
Mas minhas sombras se aliam às outras sombras…
E ao topo do pináculo do Palácio, repouso, observando toda a extensão do mundo.
Meus olhos parecem vazios…
Mesmo estando equilibrado, no respirar delongado, aguardando algo que mantenho lacrado, protegido dentro de minha própria alma.
Aquilo que mais amo…
Aquilo que mais prezo…
Minhas asas se eriçam, ao sentir uma fúria imensa em alguém adormecido, sonâmbulo em seus passos pesados à única torre que mantém iluminada.
Pouso à janela, observando-o em meus passos leves.
Acompanho o Rei que lá vive.
Não temendo sua fúria…
Não temendo ferimentos…
Zelando por ele e por todos os outros que lá dentro ousam se aventurar.
Muitas vezes pensativo em meu próprio caminhar…
Quando Arcádia verá a luz do sol novamente?
Não posso dizer…
Não posso precisar…
Mas aqui podes observar, ao alto do pináculo, um Anjo de Asas Negras, que a tudo observa e se mantém silencioso em seu eterno zelar.