Os ventos haviam mudado.
Por tempos fiquei sorvendo o que eles murmuravam e tão pouco fiz esforço para fechar as minhas asas.
— São cicatrizes necessárias – murmurei resignado, dando permissão aos meus olhos se fecharem por um tempo.
Mas os ventos não estavam a sós em suas palavras.
Eram seguidos pela presença marcante que me acompanhou ao Criador de Magia, e chegavam sentir pesar por minha carcaça mortal.
— Deixe fluir… – Escutei pouco antes de abrir o meu olhar.
Ódio é o menor dos sentimentos sombrios que venho sentindo desde então.
Já a Vingança é um pensamento que se alimenta aos poucos.
Desprezo…
Ah, portentoso sentimento! Como eu poderia esquecê-lo à medida que as verdades sibiladas aos meus ouvidos ganharam formas da verdade que sempre esteve presente, mas que foram renegadas por todo esse tempo.
— Acredita demais…
Lágrimas escaparam do sufocante aperto que contive dentro deste amargo peito.
— Por que chora?
Ar rebuscado, que insufla o peito de uma verdade ácida que precisa ser dita sobre as lágrimas renovadoras que tanto preciso. Verdades murmuradas em confesso respeito de uma dúvida a ser saciada.
Quão prazeroso e apaziguador foi o momento…
— Sim, ainda é cedo! – Murmurei confortado, deixando que as sombras abismais o afastassem mais uma vez.