Seus olhos se cruzam, medindo um ao outro.
Olham-se de cima a baixo, com sorrisos aos cantos dos lábios.
O ar imponente, de caçadores e presas, eletriza os arredores e então…
O embate…
Rugidos que estremecem as bases do mundo.
O rasgar da pele em mordidas vorazes.
Corpos que se misturam, que se confundem no firmar de suas garras.
A necessidade crescente de não serem derrotados.
Silêncio…
Os corpos arfam em desafio constante, rodeando, medem-se uma vez mais.
Os brilhos aos olhos tão diferentes e a batalha torna-se crescente.
Lutam com fúria se tornando deuses, deixando marcas no corpo oponente.
Lutam por dias e noites sem fim e exaustos caem no campo de batalha.
Olhares se cruzam uma vez mais…
Último rompante…
Os corpos chocam-se nos últimos resquícios.
Urros escapam nas feridas mais profundas.
Corpos caem desacordados.
Meus olhos se mantinham sobre aquela batalha e aos poucos a seriedade em meu semblante torna-se serenidade. Salto ao ar, abrindo minhas asas, deixando que minhas sombras cubram o reino. Um leve estremecer aos corpos dos desacordados e sorrindo repouso meus olhos sobre eles.
Contemplo-os em sua beleza selvagem, nos sentimentos que tomavam vossas almas.
Contemplo-os quando mais estão indefesos ao resto do mundo e sereno, abro minhas asas.
Percorro meus olhos na negritude que carrego e em tom baixo, murmuro:
– Certas cicatrizes são necessárias.
Minha mão eletriza, ao avermelhar de minha íris, deixando minha lança surgir traiçoeira como sempre ela fora.
Sussurro baixo, quase sibilante, confesso dos atos e sentimentos meus.
– Sou capaz de enfrentar as piores tempestades… O Inferno, Abismo, o que for… Se isso significar proteger o que aqui vejo e o que aqui sinto.
– Descansai…
– Guerreiros…
– Presas…
– E Predadores…
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Veja também:
Contemplação – Parte I