Aos parapeitos eu me encontrava.
Por muito tempo olhando aquelas vastas terras sombrias.
Escutava os novos moradores do Palácio e não me incomodava com vossas presenças.
Ao meu lado o Rei rosnava em seu sonambulismo e fúria.
Rosnares que eu escutava…
Rosnares que eu compreendia…
E ao fim, algo parecia percorrer todo aquele Reino…
Em meus lábios um sorriso…
Em meu coração, algo se abria…
Girando sobre os calcanhares voltei meus olhos para o Rei.
Ele sabia. Sempre saberia…
Minhas asas permaneceriam…
Meu zelo também…
Com a mão repousada sobre meu coração, um brilho surgia.
Cálido, sereno e este eu repousava sobre o coração do Rei.
Ali… Diante daquele olhar sonâmbulo que brilhava tão intenso, minhas asas se abriam e o Rei podia sentir finalmente que as sombras mais perigosas começavam a se dissipar.