Meu corpo se encontra cansado desde aqueles momentos de silêncio que se tornaram extensos como as sombras que abraçaram as minhas asas.
O Abismo anda sereno após todas as batalhas. Brados são ouvidos nos recônditos sagrados à medida que as peças ganham seus lances libidinosos, mas o momento mais vazio vem acompanhado das canções mais perigosas. Desafios rogados em ares pomposos e, a lança mantém-se firme em meu estado inglório.
Glórias que se ganham aos poucos após tantas vitórias; peças derrubadas em estados orgulhosos. Orgulho meu em cinismo perfeito, no fogo que perpetuo em pranto derradeiro. Mas prantos não cabem mais em meu peito, nem mesmo o sentimento falho da vida que descartei. Vida ingrata essa que me vejo livre em tempo, mas agradeço à ajuda que deu ao meu engrandecimento.
Corro firme nas planícies obscuras e rio decerto de gatos faceiros. Mensageiros estes que conduzem a sibilante morte, abraçada e faceira aos corajosos incautos. Curioso me mantenho aos passos desatentos, dos que conduziram em sonhos ao meu mais amargo conceito.
Mas o amargo adocica no tortuoso labirinto e observo o empunhar das espadas traiçoeiras. Paro e observo um pouco mais atento, o mundo que se cria em cores vertiginosas. Mitos, faunas, delírios sem sentidos. Nada mais me toca e reconheço nem um pouco aflito. Com um sorriso murmuro prazenteiro:
– Quão glorioso é não ter mais sentimentos…
Intenso e vivo, lanço-me a mais um desafio, pois eis aqui o segredo de meu Abismo.