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Peças que se encaixam – Parte II
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O aperto no coração aumentava, junto aos clamores que exigiam minha presença.
Inquietação…
Meu corpo estava cercado de mortais e de alguns dos caídos. Eu os escutava e por vezes sussurrava algumas palavras. Mas aquela presença era uma constante que me chamava e que usava antigos laços.
Não poderia me atrasar mais, não quando se tratava daquela presença e com modo cortês me afastei daqueles que me rodeavam.
– Clamaste meu nome… – Murmurei no lugar de nosso encontro.
– Sabes que lugar é este?
Sim, eu sabia que local era aquele. O Ambiente estava permeado de dor e sofrimento, da angústia de um inocente que fora violado e sacrificado em nome da depravação e insanidade momentânea. Meneei a cabeça em afirmação.
– Tens sofrido demais. Tua paz baseia-se em resignação de um acaso que não lhe pertence.
– Eu me encontro bem, Az…
– O que vês? – interrompeu-me, antes mesmo que eu acabasse de pronunciar seu nome.
Ele sabia como me fazer ir além daquilo que eu estava observando. Minha alma se inquietava, minhas asas se eriçavam…
Ao horizonte eu via o Abismo crescendo junto às nuvens de tempestades vindouras. O sinal de que muitas revelações seriam feitas em breve e que eu deveria me preparar para cada uma delas.
– Chame-o. Invoque-o. Peça que ele clame teu verdadeiro nome, não pelo qual adotaste.
A exigência me causava calafrios, algo estava errado e ele estava tentando ser sutil por sua parte. Mas a sutileza dele sempre me causou arrepios.
– Um dia nos encontraremos e quando eu falar teu verdadeiro nome, sentirás teu coração parar e o mundo sumirá sob teus pés.
Não era uma ameaça, mas uma promessa. Meu corpo tremia, pois sabia por antecipação as insinuações daquelas palavras sussurradas ao vento.
– Abra tuas asas. Rompa estes últimos grilhões… Exija teu verdadeiro nome…
Meus olhos se fechavam perante o frio que tomava conta de meu corpo e ao abri-los, meus lábios invocaram aquele nome.
O mundo girou ao meu redor, enquanto as palavras fluíam enigmáticas, buscando serem interpretadas e decifradas.
A tensão crescia à medida que as respostas vinham de forma errada. Outras asas cresciam às minhas costas e ele alcançara quem queria alcançar. Desafiava-o, rompendo as sombras do Abismo em sua espada flamejante. Ganhava um sadismo cruel e sarcástico ao tomar a forma de Esfinge que mostrava suas presas e avançava por não ter sido decifrada.
– Eu não me lembro! – Gritou o desafiado.
Com sorriso aos lábios e corpo suado, os olhos daquele que me invocara me buscaram.
– Vês? Resta-te apenas descobrir quem é esta verdadeira face.
Meu corpo caía cansado, com as últimas palavras dele em minha mente e por um momento o mundo sumiu sob meus pés e meu coração parou por breves instantes…
Mas isso havia sido apenas a lembrança do que ainda estaria por vir…
– Azazel… Sua sutileza sempre me assombrou.