Sentado ao pináculo me pego observando aqueles corpos a bailar em seus urros de guerra, em seus sorrisos e no prazer de dilacerar os corpos de seus inimigos.
O Palácio tão iluminado, estava mais uma vez vivo.
Mostrava-se forte perante sombras que não aceitam essa força renovada e poderosa.
Temor…
Sim, era isso que eu podia sentir nas almas daqueles que tentavam ou tentam derrubar Lorde e Rei.
Sorria de modo singelo, na certeza de que nada mais poderá derrotá-los.
O orgulho transparecia aos meus olhos, por ter me mantido ao lado deles durante esse longo tempo em que o Palácio se manteve em trevas.
Mas outros locais me chamavam.
Eriçavam minhas asas ao ponto de fazer meu sangue ferver em ódio inesperado. Os senhores batalhavam, mas seus olhos puderam vislumbrar o momento que esse Anjo mergulhou dentro do Abismo ao que outro eco do passado se reergueu em suas garras afiadas.
Ódio…
Foi isso que me moveu, quando mergulhei em feroz batalha contra um Anjo que já me era conhecido.
Golpeava-o com força, com meus olhos injetados de um veneno antigo.
Não o escutava mais… Mesmo vendo a face surpresa daquele que tentava se defender de minha fúria.
De seus lábios eu escutava sibilos, sentia o cheiro pútrido do verme que um dia me agrilhoou e quase extinguiu minha fé.
De meu rosto desciam lágrimas de puro ódio, enquanto Lorde e Rei me alcançavam detendo meus braços.
Seguraram-me forte. Traziam de volta a razão à minha mente e alma.
O Anjo que todo o momento gritou comigo em meio à batalha tentando trazer clareza aos meus olhos, agora se encontrava ferido, fora da influência daquela sombra, daquele eco tão poderoso que ainda conseguia me afetar.
Sussurros…
O conter forte dos meus braços ou do corpo, jamais tiveram intenção de me agrilhoar.
Sussurravam…
Curavam…
Acalmavam…
O Anjo a quem feri com o ódio cego que possuo por este eco reerguido, ainda estava com o corpo trêmulo, quase dilacerado por minhas garras e lança…
Um suspiro escapava de minha parte e eu estendi minha mão.
– Desculpe-me irmão.

Aos visitantes desse Reino…
Deixarei o benefício da dúvida sobre o que ele me respondeu…