Um calafrio percorreu-lhe a pele e seus olhos azuis celestes voltou-se em direção às folhagens das árvores. Havia algo tão triste naqueles murmúrios, naqueles farfalhares. Estreitava seus olhos buscando compreender a língua falada por elas e estremeceu o corpo ao sentir uma mão repousando sobre seu ombro.

– Se continuar a espreitar a conversa dos grandes carvalhos e abetos, eles poderão ficar zangados contigo um dia, Aalea.

Aalea perdeu sua concentração e voltou seus olhos em direção à portadora de voz baixa e rouca, seus olhos celestes encontraram aqueles olhos verdes jade que pareciam brilhar como chamas crepitantes e o sorriso despontaram em seus lábios finos.

– E o que devo dizer aos carvalhos e abetos, Rowanna? Ou vais ignorar os prantos que são trazidos nos farfalhares das folhas?

Os cabelos, vermelho-fogo, balançaram-se brevemente com o vento frio da respiração da floresta e seus olhos esmiuçaram sobre as sombras lançadas. Rowanna não escutava as lamúrias que os abetos e os carvalhos traziam, mas não podia negar o calafrio que lhe percorria a pele. Algo aconteceria e nem mesmo ela, nem mesmo Aalea podiam negar. Sua mão erguia-se em direção a sombra mais próxima e calafrios maiores cresceram tentando engolir as damas de cabelos vermelhos e negros.

– O que pensam estar fazendo? – Uma voz mais imponente e soberana cresceu atrás delas e pegas como crianças a aprontar viraram-se as duas vendo a mais velha das três. Aqueles olhos violáceos sobre elas, estremeciam seus corpos, mas não sabiam se tais estremeceres se deviam pelos acontecimentos futuros ou pela presença de Alexia, a mais velha.

– Alexia… – murmuraram ambas, abaixando o olhar perante aquela mulher de cabelos castanhos outonais.

– Basta. – Ordena. – Temos mais o que fazer ao invés de ficar espreitando as sombras e as vozes da Floresta Negra.

Rowanna e Aalea menearam a cabeça concordando com ela e retiraram-se da presença de Alexia.

– Eu não podia… – murmurou fracamente. – Não podia contar a elas.