Alexia abaixou o olhar, sentindo um calafrio à nuca.
As sombras cresciam às costas, lhe trazendo gritos lamúrias, cantigas em uma voz infante que provocou-lhe repulsa. Sabia que atrás dela, em meio àquelas sombras, um demônio a espreitava e as irmãs. Mesmo sabendo que ele não estava presente fisicamente, Alexia podia sentir o hálito fétido daquelas presas que rasgavam não só pele, mas também a alma no arrebatar de corações. Avançou um passo e pode sentir o toque gélido que parecia rasgar a pele, músculos e alma. Seus lábios estremeceram no rebuscar do ar e seus olhos viam a casa com a porta arrombada. Correu deixando suas mãos alcançaram o batente, vendo as irmãs dilaceradas ao chão. Tinham seus corpos pálidos, corações arrancados de forma violenta e cruel. O sangue esparramado, tingia as paredes e o chão da casa e Alexia via as sombras circundando seu corpo. Uma risada baixa, insana, surreal, surgia das sombras, deixando que os olhos de Alexia se arregalassem ao ver aquela criatura vil banhada de sangue.
A mais velha das três podia ver aqueles olhos brilhantes, famintos, voltando-se para ela. Olhos tão incomuns quanto…
– Alexia!!! Venha. – Rowanna gritava, vendo a irmã parada sobre as sombras das árvores.
– Ela parece tão distante! – Comentou Aalea de forma baixa, tentando compreender porque a mais velha se mantinha parada às sombras, com os olhos voltados em direção à casa.
– Não devemos nos preocupar, ela é a mais sábia de nós três. – Murmurou Rowanna sorrindo e então puxando Aalea para dentro de casa. Precisavam preparar as coisas, pois aquela noite iriam à cidade buscar alguns mantimentos. O Gralhar de um corvo desperta a mulher de cabelos outonais e Alexia via as irmãs adentrando a casa. Sabia que por um breve momento sua mente mostrou o que ela não queria que as irmãs vissem. Seu corpo estremeceu e Alexia avançou finalmente para casa. Tinham muito o que fazer e ao mesmo tempo era tão pouco tempo.
Olhos dourados espreitavam aquela que se afastava e com calma as pontas dos dedos deixaram as garras arranharem o solo.
Às sombras de uma floresta, alguém se retirava, carregando consigo três fios de cabelos. Um negro, um ruivo e um castanho.