Aquele grito tão aterrorizado ainda assombrava o coração de Rowanna. Não apenas ela, mas todos saíram de seus lares e das tavernas, com o medo a lhes consumir. Não se lembravam de noite mais temerosa, quando buscaram com tochas e lampiões a dona do grito. Mas, Rowanna sabia e temia ver o resultado de tudo aquilo. Alexia não se erguera, apenas sentia a dor ao peito e deixou que sua segunda irmã, partisse em uma busca vã. As sombras cresciam às suas costas, tomando-lhe os sentidos com sussurros maliciosos, de garras que deslizavam por suas vestes tão longe dos olhares de muitos. Vozes baixas, vozes graves, vozes agudas que pareciam rir. Murmuravam ou falavam, contando aos ouvidos de Alexia o que estava por vir. E uma lágrima rubra desceu-lhe a pele clara, quando ninguém mais estava ali, mostrando-lhe de forma clara o destino que Aalea encontrou.

Tão negro corpo que mergulhava como as sombras que envolvem nos cantos mais remotos da Floresta Negra. Apertando, sufocando, quando toda sombra pareceu criar garras, rasgando roupas, pele, na interminável tortura que se propagou. Pele rasgada, arrancada, deixando o corpo expor-se em carne viva. Ossos quebrados, arrancados, mantendo-a viva. Um grito agonizante buscou romper a escuridão e aqueles olhos dourados. Olhos tão sádicos, perversos, roubando os azuis celestes atemorizados. Garganta cortada e a alma assombrada, buscou fugir daquilo que a prendeu. Coração arrancado e devorado, com mais um grito que lhe veio à mente. Carne devorada, sangue derramado e o estremecer do corpo ao sentir a lingua deslizando aos lábios. Êxtase no olhar, e um sorriso com a promessa de que com ela seria diferente.

– Aalea. – Murmurou de forma baixa a mais velha das três. Sozinha à taverna, sabendo o que esperava por elas três. Esperava, pois agora estavam em duas e não mais três.

Corria pelas ruas encontrando o local onde muitas outras pessoas se reuniam. Roupas, sangue, nada mais havia por ali. Aalea partira e Goldie também. Rowanna chorava, afastando-se das pessoas, sentindo um abraço a confortar. Chorou àqueles braços, sentindo carícias aos seus cabelos vermelho fogo.

– Shhhh!

Veio de forma baixa e a segunda das três olhava para aquele rosto. Os olhos dourados tão belos, lembravam-lhe Goldie, mas havia uma serenidade maior àqueles olhos e não a malícia obscura que ela antes viu. Afastou-se assustada, escutando as pessoas murmurando alguma coisa e o homem de cabelos dourados e cacheados, avançou os passos por entre a multidão. Abaixando-se e pegando o manto de Goldie em suas mãos. Com calma ele se retirava dali. Sem apresentações sem a busca ansiosa por um nome. Rowanna se apressa, tocando-lhe o ombro, olhando-o aos olhos mais uma vez. Pensou em falar alguma coisa e ele apenas tocou os lábios dela com o indicador.

– Shhhh!