Seu corpo estava sendo rasgado de dentro para fora. As sombras a rodeavam e podia escutar os gritos desesperados de suas falecidas irmãs. A casa ganhava tons canhestros com sangue esparramado pelos cantos. Precisava de uma faca, necessitava acabar com todo aquele martírio. Passos pesados a acompanhavam e aqueles olhos estavam sobre ela.
– Não! Por Favor, não!
A dor aumentava a cada passo, fazendo-a cambalear. Seus dedos chegavam a tocar o frio instrumento que aliviaria sua dor.
Seu corpo suava. Suas pernas estavam úmidas. Alexia olhava para baixo e tudo que via ao seu redor era sangue.
– Por favor! Pare! Pare! Pare!
As mãos começavam a ficar trêmulas, o baque do ferro frio era forte ao chão. Alexia gritava, enquanto suas entranhas eram rasgadas. Risos. Os tons dourados dos cabelos cacheados eram banhados de sangue. Aquele olhar a julgava e sabia que não aguentaria mais a sua culpa.
– NÃÃÃOOO!!!
Seus olhos se abriam, o corpo tentava se erguer na violência daquele despertar, mas logo a delicada pele dos pulsos eram arranhadas por algo áspero.
– Não! Por favor, não!
Seus dedos envolviam o que prendia seus pulsos. Puxava bruscamente aquelas cordas. Tentava girar um pouco o corpo e percebia assombrada que os tornozelos também eram arranhados pelo mesmo material.
– Por favor! Por favor! Por…
Uma pontada forte fazia Alexia se encolher o máximo que conseguia. Tentava fechar as pernas, mas estas não se fechavam presas por estarem atadas à cama, assim como os pulsos. Rangia os dentes, fechando os olhos bruscamente enquanto implorava para aquela dor passar.
– AAAAAAAAAAHHHHHHH!!!!!
A dor começava à base da coluna, subindo em direção à nuca. Queria se encolher, mas as cordas arranhavam cada vez mais fundo sua pele. Sentia os ossos da bacia sendo abertos, enquanto seu corpo enxarcava-se de suor. Sombras, sombras, todas ao seu redor. O vento uivava como matilhas de lobos famintos e aquela dor apenas aumentava.
Respirava ofegante, tentando controlar ou esquecer aquela dor. Ninguém a escutaria, ninguém a salvaria.
Risadas… Cada vez mais distantes e as lembranças iam retornando aos poucos.
Trigais dourados que eram soprados pelos ventos. Risos. Alegrias e seu nome era chamado. Suas irmãs bailavam naqueles trigais que tomavam tons avermelhados. As risadas embriagadas e aquele bailar profano. Seu sorriso havia desaparecido e podia perceber aqueles dedos entrelaçados. Os respirares arfados, o implorar fraco para que parassem. Seus olhos estavam sombrios e seus dedos haviam se fechado naqueles cabelos. Havia os puxado com violência, escutando um grito que logo era silenciado com o fio da lâmina que carregava. Pode perceber aquele par de olhos, tão sofrido naquele pranto sofrido.
Escutar os risos de suas irmãs que arrancavam a pele, olhos, cabelos e coração do frágil corpo morto por suas mãos. Pode escutar maldições sendo rogadas, enquanto sentava-se sobre o segundo corpo. Enquanto forçava o sexo dele dentro dela.
Podia se lembrar da forma como ele fora se enrijecendo, à medida que seus pulsos e pernas eram firmados pelas mãos de suas irmãs. Podia sentir sua dor, sua angústia por não conseguir evitar sua ereção e à medida que ele enrijecia, mais forte ela cavalgava, enxarcada no sangue daquela frágil mulher. Melando o corpo dele também, fazendo-o arfar cada vez mais. fazendo-o buscar sua libertação e mergulhar em desejos proibidos. Logo as mãos dele penetravam a segunda irmã, sua boca sugava o sexo da terceira, em uma fome que cresceu à medida que ela, a primeira o cavalgava. Orgia que corrompia cada vez mais a alma daquele rapaz e inconscientemente urrava, deixando seu gozo preencher o ventre da mais velha das três, enquanto elas derramavam o gozo aos lábios, às mãos e ao sexo que ainda pulsava em espasmos violento. Elas riam, olhavam-no de forma vitoriosa, enquanto o faziam mastigar algo junto com o gozo que ainda tinha em seus lábios e todo aquele tempo um desejo também a corrompia.
– NÃÃÃÃO!!!
Era seu grito ao sentir uma dor mais forte que a rasgava de dentro para fora.
Mas também fora o grito de suas irmãs ao ver um punhal sendo cravado ao peito do rapaz. A mais velha se erguia e suas duas irmãs podiam perceber o brilho dourado daqueles olhos perdendo a vida. Elas ficaram desnorteadas, perguntaram-lhe o porquê e a única resposta que receberam foi que era necessário fazer aquilo. Não conseguiram fazer com ele, o que haviam feito com a moça, recuaram, deixando-o ali, entre os trigais, carregando uma dor insuportável ao peito. Um punhal fora retirado. Palavras eram murmuradas enquanto os dedos afagavam os cabelos dourados.
– Você pertence somente a mim.