Shadow galopava o mais rápido que podia, logo a noite cairia e daquela vez ele não poderia deixar sua dona sozinha. Não poderia arriscar que ela fosse capturada mais uma vez. Naquela noite não havia lobos no encalço de ambos, de Sarah e de Shadow.
– Rápido Shadow… Rápido… Precisamos chegar ao centro da floresta antes que ele nos alcance mais uma vez… Willow é a única que poderá nos responder… É a única que saberá como quebrar esta maldição que nos persegue, desde a primeira noite de lua cheia que passei aqui.
E o corcel atendia o pedido de sua dona, galopando na extensa Floresta Negra, saltando sobre arbustos e galhos caídos. Piotr, saía de casa, prendendo o manto sobre o corpo enquanto Akashi, se aproximava dele, refugando e agitando a crina, como se querendo dizer algo para seu dono. Os olhos de Piotr repousam sobre o corcel, como se compreendendo o que o Corcel queria dizer, montando-o e galopando de forma rápida em direção a qual seu corcel o guiava. Ele estava certo, Sarah haveria de estar com a guarda da cidade. Por um momento um calafrio percorre seu corpo. Não. Ele não poderia esperar o pior. Sabia que Sarah sempre o surpreendia e não seria desta vez que o Destino traçado a ele o enganaria. Alguns guardas gritam quando quase pisoteados pelos cascos do arredio animal, Piotr sentia as dores cada vez mais fortes, mas o ódio o instigava a encontrar logo Sarah e resolver tudo de uma vez por todas. Não podia dar chance a moça de falar o seu nome, de clamar o seu nome, não quando ele estivesse para matá-la. Não compreendia ainda porque ele ficava tão acuado quando escutava a voz dela falando o nome dele. Apenas se lembrava que tinha que matá-la para acabar com aquela maldição que o perseguia desde o dia que acordou ferido e com as roupas em trapos. Sentindo os músculos doloridos como se tivessem sido lacerados, onde um rapaz lhe perguntava se ele estava bem. Contando-lhe que pode presenciar tudo. Do momento que ele chegou naquela floresta na companhia de sua noiva, até o momento em que uma bruxa, de cabelos tão dourados quanto o sol, com a pele tão alva quanto a neve e com as vestes tão rubras quanto o sangue derramado, tinha usado um Lycantropo para eliminar a noiva dele, trazendo a maldição da Lua Cheia. Um ato vil causado por pura Inveja da beleza que ela teve da noiva que o acompanhava, pois assim disse o rapaz para ele. Piotr não conseguia se lembrar de nada. Nada antes daquela noite vinha-lhe à mente. Conseguia apenas se lembrar da fúria que ele possuía daquela bruxa maldita. Daquela… Moça… De cabelos dourados… Com o semblante tão…. Inocente… Não… Ele não podia pensar nisso, ela não era inocente. Ela trouxera o seu martírio e se Adam disse que ele possuía uma esposa e se ele disse que Sarah foi quem o amaldiçoou, então ele faria o que Adam lhe contou… Assim como a Velha Willow contou a ele… Que a única forma de quebrar a maldição, seria se ele matasse a jovem Chapeuzinho… A jovem Sarah… Piotr saltava então de cima de Akashi, invadindo o local onde os soldados se recuperavam… Parecia desesperado a procurar por Sarah… Alegando que a esposa estava muito ferida e que estava a sofrer de delírios por conta de um ataque que eles sofreram na Floresta Negra. Depois de muito buscar e de quase matar uma pessoa para arrancar a informação. Ato este em que ele foi perdoado, pois aos olhos de todos, ele era apenas um marido deveras preocupado com a vida de sua esposa. Os guardas indicaram que ela tinha fugido e que eles não tinham a encontrado na cidade. Piotr sabia muito bem… Ela iria novamente para a Floresta Negra… Ela parecia sempre buscar algo naquela maldita Floresta e seria lá, exatamente lá, que ela encontraria seu pior temor. Novamente partia ao encalço de sua maldição. Piotr cavalgava com Akashi na direção da Floresta Negra. O dia ia passando e a noite ia se aproximando cada vez mais. Quando ele entrou na floresta, onde as sombras traziam a noite para o dia, Piotr pode assumir sua verdadeira forma e desta forma viajar mais rápido. Entrando no mundo dos espíritos para conseguir achar sua presa de forma mais rápida. A noite caía e o silêncio aumentava cada vez mais. Os olhos claros de Sarah puderam vislumbrar a única luz que parecia iluminar aquelas trevas. O sorriso surgia em seus lábios finos e pálidos, mas morreu na mesma hora em que Shadow sofreu uma parada brusca relinchando de forma alta e seu corpo foi arremessado ao chão… Aos poucos a cabeça ia erguendo-se e seus olhos ficavam vidrados, na medida em que seu coração ganhava o acelerar do galopar que Shadow se encontrava.
– não…. Não… NÃo… NÃO PODE SER… EU ESTAVA PERTO… EU ESTAVA TÃO PERTO…
A voz dela aumentava de acordo com o pavor que crescia diante daqueles olhos amarelados naquele corpo enorme recoberto de pêlos negros. As mãos de Sarah buscavam o punhal de prata, mas ela não o possuía mais. Mas algo chamava a atenção… Uma luz que parecia crescer iluminando aqueles dois corpos no meio da escuridão. A porta da casa que ela tanto tinha buscado se abria, deixando que assim que a Velha Willow se mostrasse diante dos olhos de ambos.
– VÓ WILLOW… ME AJUDE… POR FAVOR…..
O rosnar gutural vinha junto com aquela mão enorme e de garras afiadas… Uma mão que a segurava pelo pescoço a erguendo no ar…À medida que uma voz baixa e quase sussurrante se fazia presente para ambos
– Huuum… Então ela ainda vive….
Os olhos azuis claros de Sarah abriam-se surpresos, ao que ela escutava aquelas palavras… Assim como os olhos amarelados repousavam agora incertos em cima de sua presa…