Vê à frente aqueles olhos capazes de retalharem sua liberdade e tão simples palavras foram ditas por aqueles lábios rosáceos, que sentira seu coração acelerar, partir e se rearranjar.
Sentiu quando a mão escapou dentre as suas e pode observar quando aquela pessoa se afastava à companhia de outra e aos poucos seu mundo fora perdendo cor.
Um sorriso era lançado ao ar, naquele último olhar de quem desafiara suas palavras e aos poucos todos se afastavam e os olhos de quem tanto sorria, em seus rodopios, seus cantares, abaixavam-se pela primeira vez, ofuscados pelos brilhos que contemplara naquele instante.
Ergueu os olhos mais uma vez, buscando vestígios deixados para trás. Correra sentindo em seu peito arder um novo conceito. Algo que jamais sentira em suas longas caminhadas. Buscava pelas ruas e estreitos. Buscava pelos becos os seus anseios e nem mesmo sabia que nome daria a tudo aquilo.
Mas tinha certeza do que sentia seu coração gritar, das novas composições que surgiam, de seus novos entoares, de seus novos rodopios, das cores que mudariam. Tinha certeza de tudo aquilo.
Até mais uma vez encontrar aos braços de outrem, sorrindo da mesma forma que lhe sorrira e dando o mesmo brilho que lhe dera.
– És Amor, mas também és Prisão!
Não falara com orgulho ferido em nenhum momento, nem mesmo decepção. Constatava apenas em sua alma a certeza do que sentia e nem apercebia, que ali ajoelhado diante do desafio, a pessoa se aproximara, se abaixara, erguendo seu semblante.
– E o que seria do Amor – veio o sussurro ao ouvido de quem se vestia tão colorido, mas que parecia ter morrido em suas mãos – Se não houvesse tamanha entrega?