Antes tivesse se contido nas palavras e não ter desafiado o rufião. Ele lhe entregara o coração em plena devoção e agora era ela quem se encontrava acorrentada nos sentimentos que a perturbavam.
O amor de Pierrot a completava, ao menos era assim que ela achava, mas algo a queimava; consumia-lhe em arranhões constantes, em desejo profundo de agonia e dor.
Não.
O Amor de Pierrot não mais era suficiente e Harlequin a provocava. Trazia delírios à sua mente, de beijos dormentes. Seus olhos a enganavam mudando faces, corpos e tudo o mais. Não mais sabia ao certo de como seu corpo se satisfaria, pois desejava liberdade; desejava muito mais.
Ria e se maquiava, botando-lhe uma máscara à sua cara. Não mais conseguia se encarar ao espelho ao ver insanos desejos.
Chorava e amaldiçoava a liberdade, para chorar mais uma vez desejando mais liberdade.
Girava em giros rodopiantes, tendo o coração de Harlequin pulsando junto ao seu.
Gritava a negativa aos pensamentos errantes, pois era Pierrot que lhe dava segurança.
Harlequin era o fruto da incerteza; silenciosa zombaria aos seus sentimentos despedaçados e inseguros do que ela realmente sentia.
Não mais era ela quem desafiava o rufião, mas sim a ela o desafio retornara no fogo de uma paixão.
E onde estava ele, se não roubando a sanidade de outras donzelas mais que pintavam as ruas de sangue?
Onde estava o rufião que agora roubava os corações para saciar o vazio do peito frio?
– Por que não sais de minha mente? Por quê?