Eu não sabia bem se prestava atenção no seu sorriso ou em seus olhos. Suas palavras escapavam e eu apenas dizia sim, não há problema algum. Você então me entregava seus cadernos, dava mais um sorriso, piscava um de seus olhos e combinava de me encontrar no dia seguinte. Eu apenas sorria, suspirava, caminhava para casa e escrevia tudo o que tinha que escrever. Outros zombavam de mim, mas você sempre sorria, sempre falava comigo e dava motivos para acreditar em você… Até o momento em que descobri que você mentia para mim.

 

O som do saxofone despertou a minha curiosidade, eu não sabia se descobria quem tocava aquela melodia ou se mantinha na curiosidade. Não aguentei, desci o mais rápido que podia as escadas e ao chegar próxima do som, me recompus e olhei escondida quem era que tocava. Aquele som tão apaixonado, aquela pele em tom de mel, as várias garotas suspirando ao seu redor. Aproximei como não querendo nada, na verdade mais preparada para fugir se acaso você descobrisse algo em meu olhar e quando vi, eu comecei a estar presente em todas as vezes que você descia para ser admirado. Cometi uma falha, acabei contando para algumas amigas o que eu sentia por você e quando nos cercaram e você perguntou se eu o amava, eu cometi minha segunda falha… Eu disse que não o amava, mesmo amando você.

 

O dia em que a conheci, seus olhos me chamaram a atenção. Eu colei tão perto de você que seu recuo me alertou que eu havia ultrapassado um limite. Perguntei se eram lentes de contato e você respondeu sem graça dizendo que não. Naquele dia me apaixonei por você e minha saúde nunca esteve tão em dia pelos pretextos que eu inventava só para ficar te observando antes da minha consulta. Ah! Morena cor de jambo, se você imaginasse o que se passava pela minha mente! Mas, um dia você me abandonou! Não sei para onde você foi e nunca mais frequentei aquele hospital, já que você não fazia mais parte de lá.

 

Eu estava entediada, sem nada para fazer. O som de um show de rock acontecendo na minha quadra era uma novidade imensa. Saltei da cama, mudei de roupa e fui ver o que estava acontecendo. Em meio ao show encontrei você. Seus olhos me chamaram a atenção, logo após foi o seu sorriso. Trocamos algumas palavras, na verdade muitas palavras. Quando percebemos estávamos namorando. Minha família te adorava, a sua me adorava. Saímos de bicicleta para todos os cantos, completávamos a frase um do outro, não havia brigas, nos entendíamos. O amor parecia prometer… Um dia, apenas um dia nos desentendemos. O amor foi virando amizade, a amizade foi minguando… Você conheceu outra pessoa e com ela se casou. Ainda tive um pouco de esperança, mas os dias em que te amei terminaram quando vi que não tinha mais porque eu amar você.

 

Nos odiamos no começo. Eu não a suportava e você me olhava com desdém. Depois algo mudou e começamos a andar juntas. Cuidávamos uma da outra e você mostrou que seu amor por mim era pura amizade. Não me importei. Eu a amava pelo seu jeito de ser. Um dia trocamos beijos tórridos, mas foi apenas um dia e como amei a suavidade de seus lábios. Hoje esse amor evanesceu e amizade continua, mas as lembranças ainda marcam os meus lábios.

 

Eu o conheci em uma sala de aula, não a minha, mas a sua. Sentei ao seu lado e não teria prestado atenção na sua pessoa se você não tivesse falado alguma coisa comigo. Tenho uma lembrança obscura de um dia em um shopping brasiliense, mas minha mente sempre foi carregada de imaginação e se isso de fato não aconteceu, eu ao menos me divirto com essa lembrança. Com o passar do tempo me envolvi com um grupo de amigos seus e trocávamos poucas ideias, mas trocávamos. O dia em que comecei realmente a ter amor por você foi quando tive um desentendimento. Você me consolou, você me fez ver que o amor não deve ser descartado por conta de um único desentendimento. Talvez eu o amasse há mais tempo, mas não sabia. Eu não sei. Anos se passaram, seguimos caminhos diferenciados. Meus dias de amor por você ainda não terminaram, mas eu deveria terminá-los, por mais que isso possa doer… Em mim e não em você, eu acho.

 

Você era o dono da verdade, aquele que não respeitava os sentimentos alheios. Era rude em suas palavras e um tanto quanto grosseiro. Um dia nem sei por que você mudou o seu jeito, mas fez-se de guardião, de defensor de quem mergulhava em um abismo profundo e sem volta. Eu realmente o amei, mas você me fez deixar de amá-lo. Hoje só tenho uma lembrança do que foi o nosso amor.

 

Eu o conheci pelo local mais perigoso que poderia conhecê-lo, apostei todas as minhas fichas e nos encontramos. Foi uma química explosiva, irresistível e volátil. Tinha tudo para dar certo, mas não deu. Você arrancou meu coração fora, minhas lágrimas de uma forma que nenhum chegou perto de tal feito. Eu o amei, eu o odiei. Eu lamentei… Hoje eu me pergunto por que eu me deixei levar por suas promessas, por que eu acreditei que realmente poderia amar você? No entanto eu o amei.

 

Às vezes meu coração resolve dizer que devo amar mais, chega a acelerar por um ou por outro, mas decidi dar um momento para os devidos reparos, ou deveria dizer que dei um tempo para erguer uma muralha?