Os sonhos infantis são verdadeiros baús de surpresas, eles variam de acordo com o que vão conhecendo e colecionando nas mentes criativas. Há crianças que pensam em papéis concretos, aprovados pelas figuras paternas e pela sociedade, no entanto, há também aquelas que possuem projetos mais ousados, fictícios e que em suas cabeças parecem ser possíveis de concretizá-los.
Quando criança, ser um “garoto perdido” para lutar com piratas, voar com fadas e conhecer sereias era algo tangível na mente e que iluminava o olhar durante os discursos de possibilidades. Avós que estimulam a criatividade transformam os companheiros de Peter Pan em verdadeiros piratas que caçam tesouros à medida que correm em meio às matas que margeiam os jardins do sítio visitado durante as férias de verão, porém a pirataria e as caças ao tesouro são abandonadas quando a adolescência se aproxima, porque o mundo da ficção era bem difícil de concretizar.
O mundo da arte e dos esportes, a oceanografia, a defesa das matas, a arqueologia, tudo resvalou durante a vida e nada foi agarrado com vontade. Eram fáceis demais para alcançá-los, mas o coração não acelerou ou se cativou; faltou um pouco de magia. Eram sonhos que trouxeram um sorriso fraco aos lábios ao tratar sobre o futuro dessas carreiras. Sem fascinar a mente, a vida passou do mesmo modo ao se virar uma página de um livro desinteressante.
Talvez, a escrita seja o sonho sobrevivente, mesmo não ocorrendo a ambição de entrar na lista de grandes autores ou de entrar para o finado Index Librorum Prohibitorum. Esse sonho resistiu às decepções amorosas, às vendas de contos em antologias, aos discursos desesperançosos. Sobreviveu devido ao trabalho na área literária, aos incentivos e às cobranças para não desistir e à aparição de pessoas que pediram ajuda com seus próprios textos.
Se hoje há um sonho, mesmo que dormente, ele sobrevive nos pensamentos da escritora dessas poucas linhas opinativas. Sonhar sobre algo que ainda está longe de se concretizar é poder imaginar um mundo em que os sentimentos e os desejos não sejam julgados por quem não sabe sonhar.
Tornar-se um adulto não necessariamente faz um sonho deixar de existir, o adulto que habita em mim, ainda reconhece a criança que um dia desejou ser um garoto perdido, um pirata, um oceanógrafo, um arqueólogo, alguém que defende as matas ou que brilha nos esportes ou no mundo das artes. Eu por um momento fui tudo isso e ainda o sou ao fechar os meus olhos e deixar tudo se realizar nas linhas que aqui deixo para cada desbravador.
Apesar dos meus 55anos, ainda sonho como a menina que um dia eu fui.❤️❤️❤️
O que seria de nós sem sonhos? Não consigo nem imaginar.
Amei ler…✍️❤️