O corvo avança em seu voar, mergulhando em sombras que o querem matar. Mensageiro carregava em seu gralhar, os avisos que a Rainha estava a cantar. Ela estava certa em afastar os incautos que a buscavam, pois o centro do labirinto a morte encontrariam. Soube pelos lábios da Rainha, que labirintos sempre se modificam. São famintos, monstros ferozes e sempre vi o sorriso da fada que agora se encontra fantasmal. Mas muito já cresci em minhas palavras, quando elas deviam estar escritas em minhas páginas.

 

Os olhos negros eram sorrateiros, enxergando um mundo de luz à escuridão. Um mar avermelhado e seivas negras que avançavam e se fechavam. Talvez o cavalo fosse um tolo, pois tolo era quem o guiava. Não teriam medo dos perigos que ali enfrentavam e espreitavam. Sim a mata se movia, sedenta pela carne nova que se ofertava. Os elfos negros avançavam, trazendo o veneno à ponta da flecha. O veneno que uma vez maculara. Sim, a Rainha sentia o coração a disparar, que apertava e a fazia rebuscar o ar. Seus olhos esmiuçavam, buscavam nos sussurros invernais e ela sorria, com o fascínio sádico, murmurando em outras linguas já vividas.

— Sim, estou ferida, mas o reino que um dia conheceste está encerrado dentro de um livro.

Suas asas se eriçavam, mostrando as cicatrizes de um dia e majestosamente ergueu-se ao ouvir um rosnado.

— Abandonaste este reino que condenado estava ao esquecimento.

Virara as costas para aqueles ventos e mais uma vez voltou a observar. Sim, meus olhos viam o que ela via, assim como eu iria mostrar aquilo que ela desejava espreitar. Gralhei em graça ao escutar o cântico do Bardo que estava a cantar. Sim.. Longe ele ainda era bardo e longe estava de ser um rei e ali pousei-me a observar.

— Vento duros hão de soprar, mas a Rainha não há de se abalar. Não muito, eu confesso, pois certos ventos ainda sabem como soprar. O que desejas, bardo? Por que desejas tanto no abismo mergulhar, por que sim, aqui é um abismo, não engane os olhos teus. Quanto mais longe fordes, mais dificil será o retornar.