Os ventos sopram cautelosos as folhas da floresta de espinhos. Assim o fazem para não despertarem os pequenos ferrões amadeirados sedentos por sangue. Nem mesmo Redcaps eram tão sedentos e minha Rainha parecia em transe. Caminhava em seus passos leves nos campos dos mortos ousados, observava os sorrisos aos lábios petrificados e olhava de soslaio as folhas murmurantes dessa nova Arcádia.
— Abra-te… – Ordenou-me minha Rainha e deixei minhas folhas mostrarem-se em seus novos tons.
Sentia-me sozinha, mesmo rodeada de novos súditos. Sentia-me sozinha ao mar de sangue ofertado. Mas o sentir-me só, dava aos meus olhos o tom melancólico. Uma melancolia de longe existente, pois eles apenas espreitavam.
Buscavam nas entranhas da floresta a pequena chama singela. Uma chama que arrebataria meu coração se conseguisse encontrar o órgão arrancado do peito em outra estação.
Flores singelas salpicavam o verde escuro das folhas de azevinhos. Pequenos salpicos fantasmais. Logo mais frutos sanguíneos surgiriam e mais sussurros me alcançariam.
Meu corpo estremecia por um instante, deixando sorrisos escaparem de meus lábios. Seanchaí e Tyr Quentalë estremeciam, já que de minh’alma eles compartilharam segredos, desejos e desamores.
Sim! Lá estavam outros seres de Arcádia. Um com a frieza metálica a encarar-me. Palavras não eram necessárias, pois me espreitava predatoriamente.
Evoquei minhas antigas maldições, sentindo as cicatrizes chamuscarem.
Sorri com os príncipes infernais, movedores de peças e ambição.
— Em breve os reinos fundirão… – murmuraram.
Traiçoeira, finquei minhas garras aos corações.
— Não enquanto eu assim não desejar.
Retraí meus lábios mostrando presas, escutando os gemidos abafados naqueles lábios.
— Perdera teus sentimentos, Rainha?
Soltei os corpos dos mensageiros infernais, provando do sangue arrancado.
— Eles são apenas fantasmas…