Sombras ergueu a cabeça e estranhou o fato de me ver levantando de forma súbita, estranhou mais ainda quando me viu saindo de forma repentina.
– GRRRRR!!!! Ela devia deixar o filhote resolver as coisas sozinho! – Cravou sua faca na mesa mais uma vez e riscava a mesa com mais vigor, mas como explicar para o Sombras que eu e o Alec tínhamos uma estranha ligação que ficou mais forte com a reaproximação?
Eu não tinha tempo a perder. O alarme do carro era desligado e logo as pessoas saltavam para o lado, ao ver o Jaguar cantando os pneus e levantando fumaça da borracha queimada.
As “pessoas” até estranhavam quando viam o jaguar subindo o gramado e andando em uma linha nada reta, indo em direção à floresta que tinha ali perto.
Meus olhos se fechavam, a visão confusa e alternada entre o caminho que eu estava tomando e lutas, fazia o meu carro ranger a cada passar, tirando lascas das árvores, ou do ranger alto do fundo do carro ao solo cheio de altos e baixos.
– Grrrrr!!! Por que você não me contou Alec?
Os caminhos ficavam cada vez mais perigosos, mas o atalho me ajudaria e era bom eu chegar rápido, pois não estava sendo interessante sentir coisas que eu sentia apenas quando lutava com as minhas vítimas.
Minhas mãos cravavam de modo firme no volante, a visão ficava borrada e eu senti o baque do fundo do carro. Eu não estava mais na floresta os olhos se assombravam ao ver aquele carro surgir como um animal furioso que rugia alto se anunciando. A visão voltava por alguns breves momentos. Sangue em um rosto conhecido, lágrimas em outro rosto, ambos olhando para a mesma pessoa. Segundos tão pequenos, mas o suficiente para sentir o calafrio de quem iria deter a visita inesperada.
– Simon diz…
Pude apenas ver um rosto nada contente e o forte baque daquele corpo que passava rolando por cima do jaguar. O freio de mão era puxado com violência. O carro girava parando de frente com aquele ser maldito que se erguia mostrando seus caninos.
– Que a Justiça prevalesça!
Eu abria a porta do meu carro, os comparsas dele seguravam Alec e Júlia para que não houvesse interferências. De um lado aquele maldito deixava de ter seus ferimentos e de outro lado eu começava a recitar palavras em Hebraico mantendo meus olhos sobre aquele ser.
– Mate-o minha avatar!
Julia nunca sentira tanto medo em sua não-vida. Um medo tão forte que seus caninos cresceram, sua força duplicou e ela avançou de forma rápida seus passos, não para me atacar, mas para se colocar entre eu e aquele maldito que estava fazendo ela e Alec sofrerem. Este foi o grande erro da vampira, pois minhas palavras terminavam.
– ALIIICEEE, NÃÃÃÃÃOOOO!!!!
Não dava para voltar atrás, não com aquela magia. Alec apenas pode ver chamas surgindo do chão enquanto eu erguia a minha mão pegando uma grande área. Júlia gritava de dor, o vampiro que eu queria atingir se assombra e salta dentro do fogo, pegando a vampira e a tirando daquelas chamas que subiam aos céus.
Os demais vampiros tentavam conter Alec que queria salvar Júlia. Tive pouco tempo para compreender o murmúrio de Júlia que pedia para o pai dela perdoar e para ele fugir. Mas o tempo corria e Geburah não podia ser mais contido.
– GEEEEBUUURAAAAAAH!!!!!!!!!!!!!! QUE A JUSTIÇA SEJA FEITA À SUA VONTADE!!!
A fúria de Geburah era liberada. Uma energia azulada começava a circular o meu corpo. A espada era puxada lentamente e temor se apoderou daqueles que presenciavam o que estava acontecendo. Meus olhos eram energia pura, os ventos fortes açoitavam as árvores enquanto vampiros imploravam por piedade.
– Não há piedade para aqueles que se alimentam dos cordeiros D’Ele!
O pai de Júlia pode ver apenas um borrão e então corpo de um de seus comparsas sendo partido ao meio e caindo ao chão. Pode ver quando eu erguia a minha mão e esmagando um coração na mão. Pode ver quando aquele coração entrava em combustão e depois mais um borrão. O arraste do vento que mudava de forma brusca, começava a querer a arrancar as árvores do chão e lançava os vampiros contra elas. Na fúria de Geburah, Júlia também não estava sendo poupada.
– ALICE!!! PARE!!! PAAAREEE!!!
Alec sofria. Júlia sofria. Geburah continuava sua matança. Quando não partindo os corpos no meio, arrancava os corações usando as minhas mãos, cremava os corpos e Alec mais uma vez gritava.
– ALICE!!! PARE!!! VOCÊ VAI MATAR UM INOCENTE!!! JÚLIA ESTÁ GRÁVIDA!
Grávida? A vampira estava grávida? Geburah, continuava usando o meu corpo, mas aquela notícia foi forte o suficiente para eu e o Arcanjo não percebermos a fuga do Pai de Júlia.
– Poupe-a Geburah!
Geburah lançava os olhos dele sobre a vampira e encerrava sua carnificina. Alec estava a salvo. Júlia e seu bebê estavam a salvos e o pai de Júlia escapou.
– Saiba vampira que estou te poupando devido a criança que está em teu ventre. Serás poupada até que a criança nasça. Mas ainda ficarás sob meus olhos e se sairdes dos caminhos que apontarmos para ti, serás julgada e desta vez, não terás a proteção de Alice ou de Alecsander.
Alec pode presenciar meu corpo caindo ao chão, mas não só ele pode presenciar isso. Sombras também presenciava a queda de meu corpo.
– Cuide de sua esposa! Eu cuidarei de sua irmã… – Ordenou Sombras ao Alec que estava desnorteado com tudo que tinha acontecido, assim como ver a namorada ferida e eu ali desacordada aparentemente.
– Júlia! Você está bem? – Alec acariciava o rosto da amada e Sombras me carregava para o carro.
– Você é estranha sabia? – Murmurou Sombras ao me colocar no banco do Jaguar. estava preocupado com tudo aquilo. O pouco que ele pode presenciar, foi o suficiente para ele compreender que eu podia não ser uma Lycan, mas que eu poderia ser algo muito pior.