O Abismo revolvia-se em suas entranhas, desde que assumi o reinado que me pertencia.
Um reinado obscuro em suas incertezas para os que caminham e por ali se inspiram. Cerco-os com minhas longas asas negras, respirando seus ares e suas certezas, alimentando-me da luz que carregam em seu peito, e de suas faces verdadeiras.
Faces estas que escondem atrás das máscaras, das mentiras deslavadas que hasteiam como bandeira.
Forço o maxilar, alimentando a hipocrisia e os brados de uma certeza que sabem não pertencer a eles.
Embaralho os pensamentos, deixando-os perdidos, mesclando mentiras ou sádicas verdadeiras.
Dói-me o peito em meu riso e nas lágrimas derramo meus supostos amigos. Anjos demônios que se aproximam desejando que eu largue uma vez mais o meu reino.
Alguns com as dores de irmãos queridos que anseiam pelo meu lado verdadeiro.
Alguns que antes sorviam minhas lágrimas cristalinas e que agora não possuem tanto tempo.
Alguns que desejam um ínfimo tempo, mas que sabem estes, que parar o tempo, um segundo que se torna um milênio, em milênios crescerão meu sofrimento.
Dói-me o peito no arrancar de meu coração, nas garras que finco banhadas ao sofrimento alheio, nas dívidas sanguíneas que carrego comigo, nos pactos firmados em minha condição verdadeira.
Rebusco o ar ao ver a solidão batendo ao peito, clamando pelo sofrimento que se encontra em minha mão e mais uma vez retorno o coração ao seu lugar, deixando minhas asas estremecerem em meu sofrimento.
– QUANTO TEMPO MAIS, MORNINGSTAR? Quanto tempo mais?